quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Recesso

Minas caras, meus caros.

Após um ano cheio de histórias pra contar, finalmente, depois de muito tempo, vou conseguir tirar uns dias de férias propriamente ditas.

Neste ínterim, não vou aparecer por aqui. Volto depois das festas. Dia 3 estamos de volta.

Boas festas aos leitores e leitoras!

Nos vemos ano que vem

domingo, 12 de dezembro de 2010

Por que a coisa vai mal - Parte IV

Por que tanta insistência em insistir no óbvio? Sabemos que a coisa vai mal, não sabemos?

Mas, somos cientistas. E cientistas não podem "achar" nada sem dados. Não temos o direito de achismos. Devemos ter os dados, interpretá-los e com isso emitir uma opinião. O caso é que os dados são tão absurdamente claros, que chegam a ser auto-explicativos.

Pois vejam o tamanho de desastre nesse link aqui, onde se mostra que os alunos não conseguem LER... isso mesmo, não conseguem ler - como se isso fosse novidade.

E nesse link aqui, podemos ver que o Brasil não consegue sair do lugar nos parâmetros internacionais de qualidade de ensino. Na verdade, a comparação com Finlândia, Suécia e Holanda não é justa. Devemos comparar o Brasil com países com o mesmo poder de fogo que o nosso, por exemplo, Chile e México. E a vergonha é ilimitada, pois esses caras conseguiram melhorar substancialmente e os tupiniquins, necas...

E a coisa vai mal...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Por que a coisa vai mal - Parte III

Os cientistas, professores, técnicos, inclusive os comuns, todos têm uma paranóia por ouvir a opinião de um especialista. Afinal de contas, o especialista sabe muito de um dado assunto, e dele deve surgir a opinião mais relevante sobre esse assunto. Mas, ultimamente tenho me queixado de um fato inegável e infeliz: decidi ser especialista numa coisa que todo mundo se acha especialista, dar aulas. 

Trabalho com pesquisa em ensino de ciências, dentre outras coisas. E quanto mais estudo, mais vejo que ensinar, estruturar cursos e aulas, e toda a preparação pedagógica, não é simplesmente saber montar bons slides e falar bem na frente de pessoas. Na verdade, qualquer elemento componente de uma aula deve ser milimetricamente pensado e planejado para que as coisas dêem certo. Mas sabemos que a coisa não funciona assim. Para a maioria, basta ter um conteúdo aprofundado, uma boa sequência (que os livros se encarregam de oferecer), e sentar o pau nos alunos - afinal de contas, não se deve dar moleza pra aluno. Essa visão é a coisa mais retrógrada, ultrapassada e medieval possível, na medida em que coloca no centro da questão o conteúdo, e não o aluno. Só que a informação muda ao longo do tempo. E o aluno deve ser ensinado a como lidar com a velocidade dessas mudanças.

Cá estava eu lendo essa notícia (neste link aqui) e me pus a pensar na infelicidade dos nossos alunos quando entram no ensino superior. Eles se deparam com a estrutura mais careta, reacionária e engessada possível - aquela mantida arduamentre pelos dinossauros. Não vou me estender muito na crítica, pois ela não é meu foco. Meu foco é mostrar a alternativa. E mostro duas. A primeira, dividida em duas partes, de Sir Ken Robinson, em duas palestras divertidas e contundentes no bom e velho TED. A segunda, num videozinho curto produzido por alunos de uma turma de sociologia da Kansas State University - coisa primorosa e avassaladora sobre a mentalidade medieval da universidade atualmente. TED com legendas, o outro, apesar de ser em inglês, não requer grande domínio da língua. Ambos valem muito a pena. E ambos mostram muito bem por que a coisa vai mal.

 





terça-feira, 26 de outubro de 2010

Por que a coisa vai mal, parte II

No outro post, metemos o pau nas falhas da educação. Coisa séria, e não deve ser negligenciada quando pensamos nas coisas que vemos cronicamente erradas. Mas, a mãe de um amigo costumava dizer que a cultura amansa o ser humano. E concordo com as palavras dela. Só educação não basta, ou pelo menos, a cultura faz parte da educação. Instrução apenas é quase como adestrar animais... como se estivéssemso muito longe disso.

Nem preciso dizer que não fui surpreendido pela notícia de que não se consome cultura em São Paulo - pode ser visto nesse link aqui. Shoppings sim. Cultura não. Cultura não é uma coisa que se possa exibir; é pedante, não? Sendo assim, queremos coisas. E continuamos ignorantes e semi-selvagens. Como a instrução sozinha não garante educação, e sem cultura não temos educação, preciso comentar algo mais sobre o estado lamentável em que se encontram as coisas?

Não sou fã de teatro. Vi meia dúzia de peças e acho meio chato. Também admito que não vejo muita graça nos museus de São Paulo - acho que podia ser muito melhor. Mas também admito que sinto falta de um circuito de cinema mais alternativo e um circuito musical mais decente e valorizado; também advogo que há bem mais cultura do que somente shows, museus e cinemas - qual foi o último livro decente que se leu por aí?

Vamos mal... vamos muito mal...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Por que a coisa vai mal

     Não é novidade o problema da educação cá na terrinha. Essa tragédia vem se consumando há décadas, e agora a bolha finalmente estoura no mercado de trabalho: mais vagas do que gente capacitada pra elas. Todo o percurso do ensino é um lixo - com pouquíssimas exceções, e que são quantitativamente irrelevantes para as demandas sociais do país. Procurando a origem disso, não precisa cavar muito, e nem fazer grandes tratados sociológicos. Basta constatar o óbvio: educar não compensa. Cobrar pela instrução, sim; pagar bem pelo serviço de instrução, não. A julgar pelo que diz o noticiário, as coisas vão continuar piorando a passos largos.
     Por conta do dia dos professores, uma série de reportagens mostrou um panorama superficial, manjado e puído do cenário desanimador do ensino. As coisas devidamente espalhadas por aí, mas não é difícil ligar os pontos e ver a coisa aparecer com grande clareza. Vejamos. 
     Você pode ler aqui que não são os bons alunos que vão dar aula: é só o restolho - e que ainda por cima, fazem uma faculdade que não exige grande coisa deles (o que é um crime!!!). Também pode ler aqui que um dos resultados da tragédia não é só dos professores, mas culpa do governo que - dentre outras culpas - não dá condições de trabalho na escola. O resultado, você pode ler aqui, é um docente estafado, perdido e desamparado que, somado à péssima formação que teve, não vai conseguir trabalhar. Se ele não trabalha, se o estado não dá condições, qual tipo de aluno vai sair desse sistema educacional? Um que pode ser visto aqui, que não quer saber da qualidade do curso, mas quanto ele custa - o que infelizmente faz sentido, dada nossa realidade social. E assim, fecha-se o ciclo, que se perpetuará por muito tempo, ou até que algum governo tome providências.
     Quando eu terminei a faculdade (no início desse século), uma amiga dizia que, em algum tempo, professores bons seriam escassos. Nunca achei que veria isso acontecer tão cedo.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Colheradas Eclesiásticas

     Semana passada aconteceu o anúncio anual do Prêmio Nobel - um pouco mais sobre o prêmio pode ser lido aqui. No grosso, além da imortalização do seu nome nos anais da história, de ganhar um milhão de dólares e ser convidado a peso de ouro para dar palestras mundo afora, ainda se ganha carta branca pra falar besteiras por aí, mesmo antes de esclerosar - vide o Luc Montagnier que passou a pregar sobre a memória da água.
     Mas o que chamou atenção dessa vez não foi o prêmio, mas algumas reações; uma especificamente. Entendamos o caso.
     O Nobel de medicina foi para um sujeito que desenvolveu a fertilização assistida - e ficou conhecido como o "Pai" dos bebês de proveta. No início foi um estrondo. Dizia-se que seria possível escolher o sexo do bebê, as características físicas... tudo bobagem. Apesar de ser possível distinguir espermatozóides X e Y, a coisa não é como escolher entre torta de morango ou chocolate. Mesmo assim, foi um enorme avanço, em dois itens dignos de nota: em primeiro lugar, as técnicas de manipulação e conservação de células foi um passo importantíssimo para o domínio atual de engenharia de tecidos e pesquisas em células-tronco (só isso); em segundo lugar, pelo alívio de um sofrimento psicológico absurdamente intenso, que é a dificuldade/impossibilidade da maternidade. Muitos casais que não podiam ter filhos estavam aprisionados num pesadelo depressivo - e eu não vou explorar as dimensões psicossociais do caso, mas não é difícil pensar no quão catastrófico isso pode ser para um casal, a mulher principalmente.
     É óbvio então que os avanços propiciados pela pesquisa nesse campo são sensacionais - seja para a fecundação assistida, mas ainda mais para os enormes potenciais das células-tronco - e sem sombra de dúvida, se causa diminuição do sofrimento humano, é bom, não?
     Não para a santa madre igreja. 
    Imediatamente após o anúncio do Instituto Nobel, as cornetas do Vaticano ecoaram mundo afora. Condenaram a premiação de algo anti-natural, que viola as leis do chefão deles, e toda a pantomima que costuma empestear manifestos dessa natureza. A notícia pode ser lida aqui, e a repercussão aqui. O absurdo dessa situação é tal que só pode ser comparado aos absurdos típicos proferidos costumeiramente por eles mesmos - do não uso de preservativos, do não uso das células tronco. 
     A ironia disso tudo é que a crítica deles faz todo sentido. Se a ciência for capaz de aliviar os sofrimentos humanos, prover conforto para aflições físicas e as explicações para o funcionamento do mundo material, pra que então serve a igreja? Já que o chefe deles só se ocupa das aflições da alma, então que não metam colheres eclesiásticas no caldo alheio.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Maomé e a montanha.

...nunca me esquecerei de um conto de nossos tempos. O personagem principal desta história que vos conto, foi apenas, segundo ele, um coadjuvante. Sua vida sempre foi farta. Farta no sentido maníaco. Anéis de Saturno mais próximos que o chão. Uma ternura hardcore. Acordava cedo, este personagem, perguntando para si mesmo qual seria o motivo do próximo porre. Nunca lhe faltou. Perguntar-se sobre isto já era um motivo. Companhia nunca lhe faltava, tinha muito mais que quatro por cento. Gritavam em uníssono a melodia contra o tédio. Tropeçavam para cair, e caíam, pois estavam longe do chão. Uma eterna queda no abismo das relações humanas. A farra era farta e a ressaca era um bom motivo. Era jovem, tinha apenas 19 anos: seis de abusos. Um ano de sobra. A contemplação era constante, a ponto de viciar quaisquer cristãos ferrenhos; e Divina, pois era compartilhada como cigarros no manicômio. Uma loucura breve, de sanidade intermitente, como a tristeza. E porque não, como a felicidade. Fã de poesia, este personagem não tinha medo de fingir. Tinha razões mais científicas para viver em seu maravilhoso mundo de Alice. Fingia para si mesmo por não suportar a idéia de ter que acreditar no que via. E pensando bem, ele tinha motivos. Viveu este personagem o tempo certo. Brindou os dias com as lágrimas que não chorou. Recolheu-se em sua história e parou. Parou de beber. Não parou de fumar. Parou de escrever. Mas não parou de ler. Parou de sonhar. Mas não acordou. Parou de fazer... e apenas me diz a noite este personagem quando me lembro dele:
- A realidade é muito triste.
Eu respondo:
- Eu hein, prefiro recair.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Cultura e Conhecimento

Definitivamente cultura e conhecimento são coisas que não necessariamente andam juntas. Portanto, obter conhecimento não torna as pessoas mais cultas, apesar de haver pessoas cultas com nem tanto conhecimento assim. Fato é que o público universitário é tido como a elite intelectual... só se for piada. E pra terminar a catástrofe, nem nos EUA a coisa melhora.

Neste link aqui há uma reportagem que mostra como os universitários são crédulos e ignorantes - não só daqui da nossa terrinha atrasada. Isso reforça uma máxima do meu avô, que sempre diz que se a gente pendurar uma sacola de dinheiro no lombo e amarrar um diploma no pescoço de um porco, ele vai continuar sendo um porco do mesmo jeito. O pior desse caso é que são estudantes teoricamente muito melhor formados que os daqui, e que acreditam em coisas incríveis (leia o texto - é tragicômico!); portanto, não é um diploma e uma sacola de dinheiro num porco, mas sim, uma metralhadora e uma granada nas mãos de um chimpanzé!

O caso é que a educação formal não consegue desmanchar crendices, e principalmente a falta de uma educação científica permite que absurdos permaneçam vivos na "cultura" vigente. Esses absurdos poderiam ser inofensivos, mas não são. Pessoas com grande poder podem vir a tomar decisões baseadas unicamente na sua "experiência". A não separação entre ficção e realidade, e principalmente, na minha opinião, a necessidade de uma busca incessante por sentido para uma vida estúpida, mantém os absurdos vivos e pululando por aí. Sem dúvida, faz diferença pras nossas vidas, cedo ou tarde.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mundo chato

     Há mais de dez anos, quando entrei na faculdade, tive aulas com um professor biruta, todo amarrotado, avental encardido e cheio de furos de ácido sulfúrico. A birutice dele se manifestava não só pela sua postura pouco convencional, mas pelas suas palavras excêntricas - pra dizer o mínimo. Dentre muitas coisas que, honestamente, não me lembro, algumas ficaram gravadas a fogo nas minhas lembranças. Uma delas é de que o mundo estava ficando chato.
     Segundo o ilustre professor Orlando, há um número mágico no mundo no que se refere a aglomerações humanas: 4%. Essa é a proporção de gênios, políticos honestos, mulheres bonitas, e o número necessário de pessoas numa mobilização para que ela seja ouvida. Diante disso, ele dizia que se os alunos da faculdade se mobilizassem, conseguiriam mudar uma serie de coisas que estavam mal-encaminhadas na época. Assim, como naquele tempo estávamos na casa de 800 alunos, algo em torno de trinta e poucos seria suficiente pra causar o barulho necessário.
     Não é preciso dizer que ele vivia frustrado, pois conseguia atrair não mais que três ou quatro gatos-pingados - eu entre eles - e nunca passava disso. Com o fim da disciplinas dele, e o começo de outras mais complicadas, o pessoal dispersava e acabava abandonando o "grupo". Mesmo os mais animados não duravam muito. Todos acabavam caindo fora cedo ou tarde. Mas o ilustre professor jamais desistia. Sempre que nos encontrávamos pelos corredores ele contava alguma nova mazela ou sujeira que estava em andamento, expressava sua profunda indignação e proferia seu bordão, "Precisamos nos organizar". E todos os anos que estive na faculdade, isso foi desse jeito. Já no final do curso, ele era bem menos enfático e, talvez, pelo peso dos anos - ele não era um jovenzinho -, já não se dava aos arroubos de outrora.
     Hoje sinto aquele desalento pelo que vejo ao meu redor. As pessoas são vazias, chatas, protocolares, certinhas, profundamente cínicas e pasteurizadas. Quem de vez em quando se dá ao luxo de meter a boca no trombone, o faz muito privadamente, e procurando o mínimo de consequências possível. Me parece que há um medo de se expressar, expressar opiniões contrárias ao estabelecido; ninguém quer contrariar, discordar ou apenas bagunçar o coreto pra ver se a coisa se reacomoda de outra forma. Nada. As conveniências são fortemente condicionadas pelo medo - da retaliação, exclusão, discriminação. E assim, tudo fica muito chato.
     Assim, hoje eu vejo que o professor Orlando não era um excêntrico, era um profeta! Ele dizia que o mundo estava ficando chato, e caminhando inexoravelmente para uma chatice insuportável. E estava acontecendo isso por que as pessoas chatas estavam tomando conta de tudo. Quem aguenta ficar até o fim da reunião de condomínio? da reunião de departamento? do conselho de professores ou alunos? das comissões? das plenárias? Só os 4% mais chatos. Mas há um detalhe: as votações, que é onde as coisas são decididas, só acontecem no final, depois que as pessoas normais, razoáveis e racionais já desistiram do porre que são os chatos. Ou seja, os chatos decidem. Quem não tem saco pra ficar se estapeando com os anódinos e insossos acaba sendo penalizado pela sua falta de paciência. E vai ter que cultivar muito mais paciência pra lidar com o que vier depois. E não vai ser pouco.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Tempos estranhos

Tempos estranhos. Não tenho outra forma de ver as coisas. Eleições sempre são um período horrendo em que algumas ditas "ideologias" afloram com um pouco mais de intensidade. Tudo uma droga. Como a maior parte das coisas no Brasil, meramente conveniências. Dentre Dilmas e Tiriricas, é tudo farinha do mesmo saco inequivocamente!

Junto com isso, uma prova heavy-metal de Biomol pra amanhã, com prognóstico funesto, e um monte de outras coisas represadas por conta desse abacaxi-monstro pra descascar, acabo saindo de órbita. Ossos do ofício. Menos mal que meu principal ofício se mantém com bom tônus, mesmo em meio a alguma dispersividade causada por motivos de força maior.

Por conta das estranhezas, um texto pra não deixar a coisa morrer por aqui - como se estivesse muito animada. Não gosto muito do autor, mas de vez em quando ele dá uma bola dentro. Pode ser lido nesse link aqui. Nada digno de nota, mas apenas pra pontuar um pouco da minha indignação em tempos eleitorais. 

Espero voltar em breve com algo mais interessante.

PS: Em tempo, acabei vendo um outro artigo que vai por um caminho interessante, e de alguma forma complementa o anterior. Vem de outra fonte que eu acho um pouco mais interessante. Está nesse link aqui, e também vale seu tempo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

FLOW!!!

Quem aí se sente meio amarrado naquilo que faz? Motivação? Falta de vontade? Até que chega uma hora, a gente não sabe quando e nem como, nos deparamos com algo que gostamos de verdade. E está na ponta da nossa língua: nossa, passou tão rápido!!! Pois é... passou mesmo. E passou por que você não esteve lá. Pelo menos seu cérebro não registrou sua estadia. Papo de doido? Absolutamente não. A psicologia explica o estado mental no qual mergulhamos quando estamos fazendo algo que realmente nos captura e que amamos fazer. Esse estado mental, e um pouquinho dessa explicação, está nesse magnífico vídeo do TED. Vale cada segundo passado diante da tela. Tem legenda. E se quiser, no final, pode pensar se você realmente está fazendo aquilo que gosta... e se atirar da ponte de hidrogênio de desgosto! 

Em tempo: veja de novo e tente entender o que o cara está dizendo. Tem uns trechos mais cabeludos. E veja que as legendas devem ativadas em "View subtitles", no canto inferior esquerdo.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Reabilitação

Um grupo suíço está planejando reabilitar algumas drogas psicodélicas para o tratamento de certas moléstias psiquiátricas (link aqui). Estava demorando, mas a literatura especializada vinha dando indicações disso há algum tempo. É digno de nota também que, uma parte dos estudos desse tipo caíram em desgraça por conta da hipocrisia dos puritanos - que se recusavam a admitir que se usassem 'drogas' para doenças psiquiátricas. E outra parte caiu em desgraça por que os dados não eram claros ou os experimentos tinham falhas importantes.

Esse cenário experimental mudou bastante. O conhecimento das doenças psiquiátricas avançou demais, e a compreensão do sistema nervoso central como um todo também avançou bastante. O enrosco é que a mentalidade puritana e hipócrita não mudou. Assim, esses suíços vão ter que rebolar pra conseguir as aprovações necessárias pra conduzir os experimentos, e também terão que mostrar dados muito convincentes pra que as pesquisas possam continuar.

Como esses caras não dão ponto sem nó, é bem capaz que em breve tenhamos novidades para o tratamento de depressão e esquizofrenia - o que seriam passos enormes no tratamento dessas moléstias. E que certamente ajudarão a tapar a boca dos hipócritas.

domingo, 22 de agosto de 2010

Filmes

Como prometi na aula, e depois do grande interesse demonstrado sobre o assunto, aí vai uma listinha de filmes em que se pode ver o que acontece no uso de certas drogas - com bastante precisão farmacológica e psicológica, eu diria. Então, vamos do começo.

Absolutamente obrigatório é "Fear and Loathing in Las Vegas", em português, "Medo e Delírio", com dois irreconhecíveis e impagáveis Johnny Depp e Benicio Del Toro. Tem um trailer aqui. Tem de tudo, de todo jeito e com todas as nuances possíveis. É um filme meio doido, em que se precisa entender um pouco do contexto histórico de quando ele se passa, e sobre quem foi o autor do livro que deu origem ao filme (Hunter S. Thompson). Difícil de se encontrar por aí pra alugar, mas com certeza absoluta, vale MUITO a pena, principalmente por ser uma obra de contexto cultural, pesadamente crítico e ideológico: o cara mete o pau em tudo o que consegue, principalmente na hipocrisia. 

Pra entender um pouquinho da cultura desse período, vale a pena ver o documentário sobre Woodstock. Onde se conta a história do festival que mudou a concepção de organização de eventos de música e o papel da música na cultura - e muita música da época, que, pra quem gosta, é um prato cheio.

Depois desse, tem algo mais sombrio, mas não menos espetacular, chamado "Trainspotting", que mostra um mundo muito cruel dos usuários de heroína. Trágico, pirado, insano e complicado. Tem um trailer (em inglês) aqui. A questão das drogas é um pano de fundo, mas obviamente as críticas ali são muito ásperas e vale a pena seu tempo.

Por fim, já que eu acho que é muita informação de uma vez só, um filme que conta a história da cocaína nos EUA, como se popularizou, como alcançou níveis de uso tão estratosféricos e, de certa forma, por que é tão persistente. De novo com nosso amigo Johnny Depp, chama-se "Blow", em português, "Profissão de Risco". Sem falso moralismo, tente entender por que a coisa deu tão certo. É bastante elucidativo.

Por enquanto é isso. Conforme forem aparecendo notícias, eu posto mais alguns.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quando vão mudar esse papo?

Eis aqui nesse link uma discussão sobre o uso de drogas. Muito superficial, diga-se de passagem, mas bem típica do que ronda a cabeça do pessoal que trata disso. Como costumo dizer, sempre flerto com a apologia pelas minhas idéias ditas tortas. Eu prefiro chamar de não convencionais. E tenho motivos. 

Tenho motivos por conhecer a literatura e, principalmente, pessoas que usaram drogas de todo tipo e com variados graus de intensidade, frequência e, sobretudo, consequências. E digo: uma parte importante dos motivos pras drogas serem tão persistentes ao longo de gerações são pontos de vista ultrapassados como este que está no link. E que, como eu já disse, reflete a mentalidade vigente - que pra mim, é o principal problema das drogas de longe. Mas não vou muito longe. Fica pros comentários as críticas mais acêrbas.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Da série Redescobrindo a roda - parte N

As ações das empresas de álcool gel vão cair. Podem descartar seus estoques do dito cujo e voltar aos velhos hábitos por aí, pois os gênios do pânico se tocaram e resolveram acabar com a gripe suína. Estupendo, não?

Agora vão dizer que a coisa foi controlada pelos esforços estóicos dos valorosos dirigentes, que impuseram as diretrizes para controlar essa terrível chaga que se abateu sobre a humanidade,... e todo o trololó associado.

Fato é que a coisa rendeu os tubos de grana pras empresas de vacinas, antivirais, noticiários e toda a merdalheira da qual nos referimos anteriormente por aqui.

Algo digno de nota? Absolutamente não. Na verdade, os caras não conseguiam mais manter o status do pânico com os números sub-pífios que andaram aparecendo. OBVIAMENTE, graças aos esforços estóicos...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Não poderia ser diferente

Uma notícia interessante pra nossa área saiu há uns dias, nesse link aqui. Um pessoal publicou na Nature que temos grande similaridade genética com, vejam vocês, as esponjas! Antes que o veneno escorra do canto da boca, e se pense que, SIM, temos alguns coleguinhas que estão mais próximos destes animais do que dos primatas, quero dizer que não me surpreende nem um pouco essa descoberta. E digo que não é por isso.

Vamos pensar do que somos feitos: membranas, proteínas, hormônios e material genético. Comemos outros bichos e plantas, portanto, utilizamos os substratos parecidos pra obtenção de energia; temos o mesmo tipo de material genético, e os mecanismos de transmissão de informação genética também são parecidos (já que somos eucariotos). Mas, acima de tudo, já que Darwin está certo, nós nos originamos desses animais - e esses de outros anteriores. 

O fato é que, como evoluímos de outros seres, não é nada espantoso que tenhamos similaridades genéticas com eles. Afinal de contas, o que deu certo na natureza vai ficando. O que não deu certo, sofreu seleção natural. Afinal de contas, esses bichos são alguns dos primeiros animais pluricelulares - e ainda estão por aí na natureza, prova cabal do sucesso adaptativo desses organismos. Não caiam na armadilha de pensar que, por termos aparatos biológicos mais complexos, somos mais bem-sucedidos que eles. Não. Estamos há muito pouco tempo sobre a Terra. E esses bichos já passaram pelo diabo. E ainda estão aí. Isso sim é sucesso adaptativo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Fim da folga... e uma mexida na bagaça

O primeiro semestre passou, e com ele, muitas histórias, dramas e complicações. A coisa voltou aos eixos na vida deste que vos escreve, e assim, pensando nos tempos vindouros, uma mexida nessa bagaça aqui viria bem a calhar (pelo menos pra mim).

O blog andava morto. Também pudera: férias, ocupações outras (mais importantes), e uma puta falta de idéias decentes. È finito... como diriam os italianos.

Agora as coisas tendem a recuperar sua devida acidez. O semestre recomeça, e junto com ele, disciplinas obrigatórias heavy metal, monitorias de disciplinas enormes, caminhões de provas pra corrigir, dados pra coletar, relatórios pra fazer e a participação obrigatória em alguns seminários de departamento. Esse último merece um adendo.

Somos obrigados a assistir à palestra de algum cientista renomado numa certa área do conhecimento (no nosso caso, da bioquímica). Até aí, seria ótimo se a coisa, via de regra, não se transformasse numa chatice infinita - geralmente de coisas que não entendemos lhufas. Daí, confesso: os melhores textos que já produzi foram nesses malditos seminários. Minha raiva se transmuta nas críticas que sempre teci à ciência e aos cientistas - e jamais deixarei de fazê-las. E temos assunto pro blog.

Então, nada como dar uma arejada no ambiente, brincar com o layout do boteco, abrir as janelas, tirar o cheiro de naftalina e colocar algumas ferramentinhas novas. Enfim, tanto nós que escrevemos, como nossa meia dúzia de fanáticos e assíduos leitores, vão se acostumar com tudo isso com o tempo. E, se os ventos soprarem pro lado certo, em breve poderemos ter uma expansão no público que frequenta essas mal-escritas linhas.

Já enrolei demais. Postagem nova dentro de poucos dias.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O desaparecimento; Renovado e o Surto para a amiga virtual.

Olá meus caros amigos...sim eu sei...eu sumi! Por que? Trilhando rumos de conhecimento e vida acadêmica lotada de compromissos. Desculpas? Se assim for necessário, considerem-nas pedidas. O desaparecimento das pessoas é algo intrigante e corriqueiro no mundo de hoje. Com a competição entre nós humanos, instaladas por nós mesmos, pois adoramos vencer ou acumular conhecimento para nosso regozijo, ficam cada vez mais reduzidos aqueles velhos círculos de amizade. Para este que vos escreve, envelhecer não é um processo doloroso, muito pelo contrário; no entanto, para quem imaginava que ficaria velho e poderia montar um time de futebol de campo para compartilhar a velhice, acompanho com meus pesares que no máximo jogarei xadrez... e creio que será com o Montagna. Apesar de saber que neste jogo nos perderemos com a música e toda a cerimônia não canônica por vir. Mas as lembranças nos movem para que possamos arrastar quem realmente nos interessa. Cabe-nos perceber o quanto nós mesmos estamos dispostos a fazê-lo, uma vez que cada dia que passa vendemos nosso tempo por cédulas estranhas, por nós criadas também.
Bem, com todo este bla bla bla nostálgico, neste semestre acompanhei de perto um surto psicótico. Um colega de minha Faculdade, após anos de exclusão por parte de uma grande maioria de seus colegas, ou porque se formaram ou porque passaram a evitá-lo, pois percebiam a estranheza de seu discurso, levou um facão e teve um Surto. Mas o que é o surto?
Um surto é uma dissociação de pensamentos, cobertos ou não por delírios e alucinações, na sua maioria persecutórios, surgidos pelo descontrole de neurotransmissores (dopamina) gerados por uma cadeia de fatores estressantes ou fatores agudos de stress. Muitos surgem com o abuso de drogas amigas da dopamina, tais como cocaína, ecstasy, anfetaminas etc. Ou por traumas dissociativos na infância. Na mais tenra infância, de 6 anos em média para baixo. Fatores genéticos e ambientais juntos formam a mente psicótica. No caso de meu colega, anos de abuso de drogas, morbidez patológica na família e exclusão. Resistência a medicação vai fazer com que a mente do enfermo vire uma geléia de protoplasma, pois conviverá com os delírios e alucinações. Processo psicoterápico mais usado hoje em dia é Cognitivo-Comportamental. Tenho lá minhas ressalvas, mas fica para um próximo post. Leituras sobre surto e psicose. Esquizofrenia no Google direciona para artigos interessantes no Scielo. Maiores informações procurem "Projesq" no oráculo web (google). Agora, minha recomendação pessoal...Melanie Klein...Winnicott.

De volta aos posts...sem recaídas.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Truculência e mercado

Essa semana trombei dois artigos, sem nada a ver um com outro, mas muito elucidativos sobre a forma como agem certos grupos.

O primeiro artigo mostra a aversão dos EUA à invasão do futebol. Não sou defensor do esporte (aliás, pra mim que exploda!), mas os argumentos que cercam essa aversão são de grande valia pra medir o tipo de atitude comum a uma parte expressiva daquele povo. Mais que isso, deixa escapar o que eles pensam do restante do mundo e não fazem questão de esconder. Vale o seu tempo dar uma sapeada nesse link aqui. Os EUA conseguem mesmo tonificar o ódio contra eles com enorme facilidade e eficácia - independentemente do assunto que se trate.

O segundo artigo também mostra um pouco o poder da palavra e da mensagem um pouco menos evidente, bem menos estridente, bem mais perniciosa, mas igualmente eficaz. Se a questão aqui é fazer valer uma idéia, se sobrepondo a outras, então conte a história da forma como quiser e deixe os outros em posição inferiorizada. Nesse link aqui é possível ler um artigo sobre educação religiosa no Brasil, que está sendo dominada por um determinado grupo (precisa dizer qual?). Eu acho CRIMINOSO que se tenha educação religiosa no Brasil. Esse é um Estado laico, e como tal deveria permanecer.

Pra mim, no fim, tudo isso gira em torno de uma coisa só: poder. Ninguém quer dividir sua fatia do bolo com os outros. Do mesmo jeito que as finais da NBA perderam audiência pra Copa, os religiosos de um determinado grupo não querem perder fiéis pras outras. Ambos querem defender suas fatias no mercado.

Simples assim.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Perdas irreparáveis

Esse tem sido um ano muito triste. Muitos grandes nomes se foram. Até então os nomes para os quais eu rendi minhas homenagens tinham pouca relação com o mote do blog. Preferi então deixar de lado Ronnie James Dio, Peter Steele e outras figuras que mudaram meu mundo. Mas hoje não posso deixar de mencionar.

A morte de José Saramago silencia uma das vozes mais estridentes e portentosas da razão. Apesar de ser um fã razoavelmente recente do trabalho dele, devo admitir que emergi muito rápido na sua obra. Fui realmente tragado. Ele é muito de esquerda pro meu gosto. Mas isso não importa. Importa a razão. Razão que falha naqueles que acham que a gente pode ler, entender e, imaginem vocês, apreciar a obra do finado senhor ainda no colégio. Agora, finou-se. Fica a obra. Mais um de volta ao ciclo do nitrogênio.

Deixo aqui um trecho do seu último livro, de 2009, chamado Caim. O velhinho era certeiro e muito, muuuuuuito cruel.

"Há uns três dias, não mais tarde, tinha o senhor dito a abrãao, pai do rapazito que carrega às costas o molho de lenha, Leva contigo o teu único filho, isaac, a quem tanto queres, vai à região do monte mória e oferece-o em sacrifício a mim sobre um dos montes que eu te indicar. O leitor leu bem, o senhor ordenou a abrãao que lhe sacrificasse o próprio filho, com a maior simplicidade o fez, como quem pede um copo de água quando tem sede, o que significa que era um costume seu, e muito arraigado. O lógico, o natural, o simplesmente humano seria que abrãao tivesse mandado o senhor à merda, mas não foi assim. Na manhã seguinte, o desnaturado pai levantou-se cedo para pôs os arreios no burro, preparou a lenha para o fogo do sacrifício e pôs-se a caminho para o lugar que o senhor lhe indicara, levando consigo dois criados e o seu filho isaac. No terceiro dia da viagem, abrãao viu ao longe o lugar referido. Disse então aos criados, Fiquem aqui com o burro que eu vou até lá adiante com o menino, para adorarmos o senhor e depois voltamos para junto de vocês. Quer dizer, além de tão filho da puta como o senhor, abrãao era um refinado mentiroso, pronto a enganar qualquer um com a sua língua bífida, que, neste caso, segundo o dicionário privado do narrador desta história, significa traiçoeira, pérfida, aleivosa, desleal e outras lindezas semelhantes." in Caim, p.79, Ed. Cia das Letras, São Paulo, 2009.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Tolerância se faz assim: com cultura

Por falar em intolerância, que foi o assunto dum post anterior por aqui, eis que me deparo com esse belíssimo vídeo sobre a visão que nós temos dos outros. Vale cada segundo, e nem precisa de mais comentários. Aliás, merece um comentário. Esse vídeo é de uma iniciativa chamada TED. Esse pessoal se propões a criar pequenos vídeos, como se fossem pequenas aulas de alguns minutos, que versem sobre um tema muito específico. Pra isso, eles convidam nomes de relevância e fazem um trabalho espetacular. Recentemente, fizeram um TED no Brasil, e há algum tempo há a iniciativa de legendar os vídeos disponíveis por lá. E eu sou capaz de passar um dia inteiro vendo vídeos deles.

Em tempo, esse vídeo tem legenda (antes que resmunguem). Basta clicar num ícone no canto inferior à esquerda escrito "View subtitles" em vermelho e escolher sua língua predileta.

Mas chega de papo. Vejam isso, e como a autora se sentiu, como eu me senti, sintam-se envergonhados da vossa ignorância.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Célula sintética: bobagens e mais bobagens

Mal surgiram as notícias de que se conseguiu plantar um DNA modificado numa célula bacteriana, e o sensacionalismo já começa a aparecer. De novo, nossa querida imprensa faz sua parte e sua típica enxurrada de merdas. Não vou explicar longamente o assunto, mas algo precisa ser elucidado antes de malharmos a nossa sofrível divulgação científica.

Pegaram um bactéria, tiraram o material genético dela. Nada extraordinário... qualquer aluno de iniciação científica faz isso. Mudaram pedaços dessa DNA. Do ponto de vista de procedimento, vai, um mestrando iniciante faz isso. Saber qual trecho se quer mudar é outro papo, mas pelo nível de conhecimento de genomas bacterianos, atesto e dou fé: nada de extraordinário. Tem genomas bacterianos completos mapeados disponíveis na internet. Além disso, tendo uma sequência de bases na mão, tem um monte de softwares que ajeita o que se quer nesse bicho, afinal de contas, os aparelhos que fazem esse processo são todos operados por computador. Assim, literalmente os caras fizeram um copy -> paste de genes já conhecidos. Sintetizar DNA hoje é a baba do quiabo. Mudado esse DNA, basta fazer com ele seja inserido numa outra bactéria. Então, tomemos uma outra bactéria, tiramos seu material genético e colocamos aquele que modificamos. Procedimento? Nada de extraordinário.

Então, que raios há de grande e incrível nisso tudo?!? NADA!!!! Vejamos...

Pegamos um DNA pronto e modificamos. Tudo bem, isso se faz há uns 30 anos. Pegamos uma bactéria pronta e só trocamos o material genético dela. Tá certo, isso é um puta trampo de corno pra conseguir fazer dar certo. Mas é o trampo, não a idéia. A coisa é puramente tecnológica: descobriram um procedimento que consegue fazer isso sem matar a a bactéria - coisa que sempre acontecia. Notem que isso é como trocar o disco do seu video-game. Todo o aparato pra rodar o jogo já está, só trocamos o jogo. É muito, mas muito por aí mesmo.

Então por que o alarde?

Primeiro fator: os caras que fizeram a coisa estão patenteando o processo, o que é a grande sacada do negócio. As possibilidades tecnológicas disso são fenomenais.

Segundo fator: eles sabem fazer marketing. Sempre souberam. Pra quem não sabe, esses caras fazem barulho desde o início dos anos 90. E conseguem cada vez mais grana por isso. A propagando é a alma do negócio.

Terceiro fator: as preocupações industriais disso. Se os caras tiverem a patente, um monte de gente vai suar sangue pra conseguir comprar ou usar o processo - o que é um grande negócio. Portanto, a preocupação não é nada senão os caras terem o monopólio da ferramenta. Problemas ambientais? Bobagem... todos os dias são jogados montes de bactérias modificadas nas pias dos laboratórios. Aliás, o uso indiscriminado de antibióticos tem selecionado bactérias multiresistentes ao longo dos anos, e os hospitais estão empastelados delas.

Quarto fator: a imprensa é cretina e não consegue (ou não pode) mostrar a realidade, simplesmente por que tentar explicar a coisa a fará perder leitores. E convenhamos, a notícia é bombástica demais pra passar batida.

Quinto fator: somos imbecis e acreditamos nessa imprensa cretina.

Resumindo: é de verdade um grande passo tecnológico. É um grande passo em termos de modificação genética de microorganismos. E ponto. Daí os caras falarem em criar vida artificial ou célula sintética, francamente, é o cúmulo do absurdo. Em cima disso, saem procurando cientistas por aí - como se esses escolhidos fossem alguma referência universal a ser ouvida - e fazem as piores perguntas que se pode imaginar; e os caras, na tentativa de serem "didáticos", só pioram as coisas.

Mais notícias sobre esse assunto eu vou acabar postando com o andamento e desenrolar do noticiário vindouro. Ainda tem muita merda pra sair das páginas dos jornais.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Coerência e cordialidade

Recebi esse vídeo de uma das leitoras do blog e achei a coisa mais magnífica que vi em muito tempo. Magnífico, pois é muito revelador sobre algumas posições e pensamentos que tenho a respeito do indivíduo comum, nosso conterrâneo. Entendo que o brasileiro, de forma geral, e ao contrário do que se diz, não é nada cordial. E digo mais, é racista e bairrista. Saindo dos brasileiros (que é muito generalizante, claro, aceito a crítica!), vejo que, no geral, as pessoas nutrem grandes incoerências. Não vou falar mais nada, apenas deixar o vídeo. Continuo depois que vc assistir o dito cujo.



Passar trote não é nada legal. Aliás, é coisa de desocupado. Mas esse trote arranca do interlocutor (a vítima) algumas coisas interessantes.

1. Incoerência. O sujeito diz que pode comer vaca, chester e peru, mas cachorro não. Qual a diferença se são todos animais? Pessoalmente eu comeria cachorros numa boa; mas se vc acha cachorro fofinho e vaca imbecil e por isso como vacas e não cachorros, isso é problema seu. O vegetariano fundamentalista não come nenhum bicho: problema dele, mas acima de tudo, coerente. Eu como qualquer bichinho, seja fofinho, imbecil ou nojento. Se ficar apetitoso depois de passado na brasa, não faz diferença. Mas pro nosso herói, alguns bichos são diferentes por que são especiais de alguma forma. Incoerente. A natureza não diferencia. Bicho é bicho, a questão é qual posição esse bicho ocupa na cabeia alimentar. Não só isso, mas lá pelas tantas ele diz que lá na China os bichos são diferentes dos daqui. Xiii... Vamos adiante.

2. Cordialidade. O nosso herói é racista. Ponto. Ele se posiciona de forma muito clara sobre isso: "se vc quer comer cachorro, volta pro seu país". Portanto, não é cordial e não respeita a diferença e a cultura do outro. Quem nunca viu ou ouviu isso sobre todos aqueles que são de alguma forma diferentes do que se considera "normal"?

Verdades sejam ditas: o nosso amigo que está se passando pelo chinês provocou muito o nosso herói do outro lado da linha. Ele foi fundo mesmo e pegou pesado. Não dá pra livrar a cara dele (que passou o trote), já que ele também apelou para estereótipos pra fazer seu trote. Mas a posição do outro lado é bastante reveladora. O cara se revoltou e perdeu as estribeiras. E aí, tudo vem à tona.

Por isso digo que aí está um exemplar, que acho até bastante típico, do brasileiro cordial, mas que é tacanho, racista e nada hospitaleiro; que da boca pra fora "respeita" a diversidade - seja ela qual for - mas que no fundo é bairrista e preconceituoso. São situações assim que revelam grandes coisas que estão por baixo da fina casca de tolerância que recobre a ignorância.

E depois dizem que eu sou o tosco... afe...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Cronusficação

Demorei para manifestar-me. Mas cá estou com argumentos e tentativas de fagulhas reflexivas. Se vamos incendiar Roma ou não, com certeza não será com a ajuda dos nossos médicos, nem dos nossos terapeutas. Qualquer idéia de surto maníaco tendendo a colocar em risco nossa sociedade, a qual se preocupa tanto com seus integrantes, fará com que eles entrem em contato com um responsável e coloque o piromaníaco para "repousar" numa clínica para mentes pertubarbadas. Leiam de novo trecho por favor. Leram? Legal. Pois bem, a sociedade é formada por quem? Uhu, isso mesmo! Nós, homens, mulheres, não necessariamnete nesta ordem enfim, seres humanos. Nós ditamos na história da construção de nossa civilização aquilo que seria interessante para estabelecer o que seria "normal". O bolo fecal que fizemos com isso é nossa responsabilidade. Cabe a nós resolvermos este problema. Pessoas se incomodam com a palavra opressão (sem direcionamentos M.), no entanto criamos forças opressoras para nos manter numa certa harmonia. Demos um tiro no pé. Ou melhor, um tiro de raspão na cabeça. Pois isso nos impediu e nos impede de sermos plenamente felizes (mais uma vez recomendo "Mal-Estar na Civilização" do Freud). Criamos também uma coisa que se chama trabalho. Putz! essa foi de doer, e ainda é. Tudo que falo é utópico mesmo, pois estamos muito, mas muito longe mesmo de concebermos a idéia de que não seria necessário trabalhar para obtermos prazer. Poderíamos brincar todos juntos para fazê-lo. Mas não dá mais tempo. Temos que nos adaptar. Quem não se adapta, adoece. Quem adoece tem que se tratar. Quem não se trata... hum... não queria ser grosseiro... mas quem não se trata, sofre muito e não suporta (melhor assim).

Daí a cronificação, tendência não só da Indústria Farmacêutica, mas do ser humano em busca de lucro. Pois o que mais doi hoje em dia? Na minha opinião vos digo: a impossibilidade do consumo.

A necessidade vital do bebê, quando sente fome, por exemplo, faz com este manifeste movimentos aleatórios até que um outro venha e lhe ofereça o objeto que irá saciar sua fome (um seio farto de leitinho quente). Hum, o bebezinho fica feliz e se tranquiliza. Este é o momento crucial. De uma necessidade vital, ele além de saciá-la, sente uma coisa nova, o prazer; daí nasce a teoria pulsional de Freud. Logo, o rebento volta a sentir fome, ele tem os movimentos aleatórios e nada acontece, tenta aliviar levando seu polegar até sua primeira zona erógena (a boca) e ALUCINA!!!! uhu, foi mal, esta palavra é instigante. Quando sua alucinação não dá certo o que ele faz? BUÁÁÁÁÁÁAÁÁÁÁÁ! Chora, até que venha o outro e sacie novamente sua necessidade e lhe dê prazer. ("Interpretação dos sonhos" Cap 7)

Tudo isso para chegar ao que vou falar agora. Temos necessidades vitais. Fome, sede, sono, enfim, necessidades fisiológicas; e na fase adulta nossa zona erógena é mais dispersa. Freud diz que é genital. Eu não discordo num todo, mas colocaria o bolso e a conta no banco como uma zona extrógena importante. Neste momento vou parar de escrever. Deixo como reflexão a pergunta que me ajudará a nova postagem:

- O que vocês fazem com seu tempo livre?

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Mais mil!!!

Agora há pouco o blog completou 5000 acessos!!! Isso é muita coisa pra um blog que tem um público muito restrito, e cuja única pretensão é poder esticar um pouco mais o papo com os alunos. Alunos, e um tanto de ex-alunos, que sempre aparecem. Silenciosos ou estridentes, vocês não deixaram de acessar. E isso é algo que muito me anima, pois mostra que essas iniciativas agregam e revelam que sempre podemos ir mais longe.

Obrigado a todos por valorizar e manter em alta esses três anos de trabalho por aqui.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Pesadelos da Indústria Farmacêutica

Parece brincadeira que essa notíca apareça agora, mas, uma vez mais lá vai o nosso estimado governo quebrar uma patente de remédio - e manter acesa a fogueira dessa discussão.

Vamos começar com uma coisa só: isso é crime internacional. Patente é pra ser respeitada. Ponto. Se alguém inventa alguma coisa e registra essa invenção, quem quiser usar tem que pagar. Há os exageros. Semana passada o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) quis uma reserva para o uso da palavra RIO. "Olimpíadas" faz sentido, mas Rio?!?! Também há um monte de gringos vindo até a Amazônia procurar princípios ativos naturais e depois patenteando, e portanto, dizendo que é deles.

Em cima dessa idéia de preservação de Idéias, as patentes são a garantia de que um inventor pode continuar vivendo de invenções, um criador pode continuar vivendo de criações e que isso lhes renderá grana. Uma grande parte da ciência vive disso, principalmente a parte da ciência que se refere à tecnologia. Imaginem o que seriam a Boeing, Ferrari, Nintendo, Sony, Rolex, Hewlett-Packard, McDonalds, Intel, e todo um caminhão de corporações que a todo momento precisam de novas criações pra continuar competitivos nos seus mercados, se não fossem as patentes. E isso é um balaio de gatos por que vira e mexe, esses mesmos caras que reclamam quando são plagiados, são flagrados roubando a idéia de alguém - vide a Microsoft.

Pois bem. E até agora, cadê a indústria farmacêutica? Em primeiro lugar, ela é uma indústria como qualquer outra, portanto, vive de lucros como qualquer outra e depende de invenções e criações como qualquer outra. Os custos de pesquisa da indústria farmacêutica são como os custos da Boeing pra fazer um avião ou da Intel pra fazer um novo processador para computadores. Toda essa turma tem vínculos com universidades e estão antenados às novas tecnologias - e investem cifras estratosféricas em pesquisa. Por que a indústria farmacêutica seria diferente dessa turma?

Simples, a indústria farmacêutica produz uma coisa com enorme clamor popular: remédios. Pessoas morrem por falta deles. Remédios salvam vidas e "fazem bem". E se é para o bem de seres humanos que se produz remédios, então devemos fazê-los. Os poderosos deveriam se curvar às necessidades dos necessitados e ter coração, permitindo que todos tivesse acesso a remédios, mas a indústria é má e gananciosa - como vimos nos posts anteriores.. Mas ninguém se comove. Então, aparece um governo Robin Hood que vai tirar dos ricos e dar para os pobres, quebrando a patente de um remédio importante.

Portanto, quebrar uma patente significa aumentar o acesso a remédios para classes menos favorecidas. Isso significa que o custo do remédio deve cair por volta de 60 a 70%. quando não é necessário pagar os direitos de um produto. Portanto, fica mais acessível e mais pessoas podem usar uma medicação antes mais restrita.

Pois há algum tempo, o Brasil conseguiu quebrar a patente dos remédios para AIDS. Isso gerou uma controvérsia monstro, pois a indústria alegava que a fabricação de remédios do coquetel não seria mais economicamente vantajosa (estão errados?), e pior, não seria mais vantajoso pesquisar na área se eles não tivessem como ganhar dinhiero que sustentasse essas pesquisas por meio do pagamento dos direitos dessas patentes (estão errados?). Uma discussão acalorada e extremamente elucidativa desse caso da AIDS pode ser lida aqui, onde há uma maravilhosa entrevista com Robert Gallo, um dos cientistas mais importantes na descoberta do vírus HIV e hoje, totalmente alinhado com os interesses da indústria. É um vídeo que vale MUITO seu tempo.

Tudo ótimo... queremos salvar vidas, queremos evitar uma desgraça com o espalhamento da doença, queremos o bem. Uma parte do primeiro mundo chiou horrores com a decisão do governo brasileiro, houve uma série de boicotes da indústria - inclusive com aumento de preços de outros remédios pra supostamente compensar as perdas dessa quebra de patente, mas tudo seguiu. O terceiro mundo aplaudiu, os humanitaristas apaludiram... e a caravana segue. Mas...

Ontem, o governo aprova a quebra da patente do viagra. Viagra?!?! Disfunção erétil?!?! Alguém vai morrer?!?! É uma epidemia de paumolência?!?!? Só podem estar de brincadeira. A notícia pode ser lida aqui. Se antes o argumento era salvar vidas, e agora, qual será? Só por que o Brasil gasta 160 milhões de reais em remédios do gênero, nós vamos quebrar o galho dos brasileiros?!?! Ora, convenhamos, isso esvazia o argumento anterior.

Mas, sejamos lúcidos. Tudo isso não passa de guerra econômica. O preço de um remédio é justo? Quanto é o preço justo de um remédio? O que é um preço justo? Justo pra quem? Quanto tempo deve durar uma patente? Quanto se deve pagar por ela? Pra que servem as leis?

Se a indústria se enfezar, não terá sido por falta de provocações. Se tomar atitudes drásticas, não terá sido por falta de avisos. Não é à toa que o Brasil é o campeão mundial de consumo de pirataria. E isso não é pirataria?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sonhos da Indústria Farmacêutica II - Fiat Voluntas Tua


Se a cronificação é um sonho possível e hoje está no mainstream da Indústria Farmacêutica, isso sozinho não resolve o problema do consumo de remédios. Como arranjar mais pacientes crônicos para consumir mais remédios?

A multiresistência de microorganismos a antibióticos é um problema médico, mas uma beleza farmacêutica. Se houver organismos demoníacos que não morrem por nada no mundo, então, entupam-se de novos e cada vez mais potentes antibióticos - e retroalimentem o ciclo. É pouco. Vacinas para as mais variadas moléstias? Bem, as ondas de vírus mortais (que só matam em filmes, jornais ou um público específico) só funcionam de tempos em tempos. Uma vez vacinados, então ninguém mais fica doente - e ninguém mais compra remédio. Há um post aqui mesmo no blog falando sobre gripe suína, que pode ser visto nesse link aqui, e um curta metragem aqui, que são mais uma ilustração do caso viral (o filminho vale seu tempo!).

Qual todo o problema desse papo? É necessário ter gente doente; estamos falando de enfermidades. Não é difícil imaginar que a maioria das pessoas do mundo está saudável, e mesmo nos lugares mais inóspitos do planeta,... bem, nos lugares mais inóspitos não há grana. E se não há grana, não há a indústria... e nem nada. Então, o que fazer? Convencer a massa de que elas estão realmente doentes. De alguma coisa, seja lá o que for, desde que comprem remédio, e muito! E remédio pra efeito colateral do primeiro, e remédio pra reação adversa do segundo, e assim indefinidamente. Eis aí o mercado brutal dos OTC, ou seja, remédios de venda livre.

E que lugar do mundo seria mais propício pra uma mentalidade dessas? Pois vejam esse filminho aqui deveras elucidativo e pensem no que há aí.

*Antes que venham me dizer besteira, vai um alerta: o pessoal que postou esse vídeo ignorantemente o considera como apologia às drogas. Não é. É muito mais profundo do que o que os caras querem e eles não percebem o tiro no pé. É uma crítica brutal a isso que estamos pontuando aqui*.

A segunda mina de ouro que surge nesse pelotão do fazer-consumir-remédios é a propiciada pela mazela dos nossos tempos: a ditadura da felicidade. Antidepressivos, ansiolíticos e todo tipo de pílulas pra se fazer rir, parar de chorar, dormir, estudar, se despreocupar, aturar uma vida besta, enfim, todas as delícias da nossa época.

Nesse ponto, conclamo o pessoal da psicologia a se manifestar. Realmente a quantidade de psicofármacos receitada é necessária? Alguém já ouviu um psicólogo dizer de cara a um paciente que ele não precisa de terapia, ou um psiquiatra dizer que o paciente não precisa de remédio? E ser liberado da terapia? É como cabeça de bacalhau, todo mundo sabe que tem, mas ninguém jamais viu. Não me refiro a má-fé. Mas a uma tendência, e por isso, o especialista do blog pode escrever com muito mais propriedade que este que vos fala num post vindouro.

Pelo sim, pelo não, está claro que a Indústria Farmacêutica - e suas correligionárias - conseguiram seu Fiat Voluntas Tua, que é a expressão em latim pro último estalar de dedos de Deus na criação: Que seja feita a Tua Vontade. Consuma.

E tem sido feita.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sonhos da Indústria Farmacêutica I - Cronificação

A indústria farmacêutica é um dos ramos mais lucrativos do mundo. Não por acaso andou pairando acima do bem e do mal em tempos de crise. O pessoal deixa de viajar, comprar coisas, trocar de carro, fazer o diabo, mas remédio não entra na lista de cortes. Junto com isso, devemos deixar de ser hipócritas e idealistas e parar de pensar na indústria farmacêutica como algo pro bem da humanidade. Não é. Como qualquer indústria, ela visa o lucro. Ponto final.

Tendo isso como ponto de partida, devemos imaginar quanto custa colocar um remédio no mercado - toda a pesquisa necessária pra fazer uma molécula sair do laboratório de uma universidade e cair nas prateleiras das farmácias. É uma grana grossa. Justificada, não justificada, necessária, desnecessária... não vou comprar essa briga por enquanto. A idéia agora é tratar dos sonhos de consumo da indústria: como lucrar o máximo, pelo máximo tempo possível.

Não é necessário nenhum exercício intelectual muito profundo pra se chegar na condição médica que faz brilhar os olhos da indústria farmacêutica, a doença crônica. Imaginem que um cidadão hipertenso começa a ter problemas lá pelos seus 40 anos de idade, e vai morrer de infarto aos 60. São vinte anos tomando um caminhão de remédios. Mas tem muita gente que não se cuida, por que os sintomas de hipertensão só aparecem quando a coisa já tá grave; o mesmo vale (bem porcamente) pra diabetes tipo II; ouso até dizer que tabagismo e alcoolismo entram pra essa estatística. Mas as duas grandes fatias, caro leitor, aparecem de fontes inauditas. Câncer e AIDS.

Esse ano duas notícias de remédios interessantes para essas doenças apareceram na mídia. A primeira foi uma declaração de Luc Montagnier (Nobel de Medicina de 2008) dizendo que o caminho é tornar a AIDS uma doença crônica (entrevista nesse link aqui). Tirando que o sujeito é só ganhador do Prêmio Nobel pela descoberta do vírus e uma das vozes mais influentes da história recente da ciência e da medicina, o que ele sugere é um sonho brilhante para a nossa indústria. Vejamos... o adolescente contrai o vírus aos 16 anos e pode viver com ele até os setenta e poucos anos (considerando a média de vida humana em países razoavelmente bem das pernas). Isso significa coisa da ordem de cinco a seis décadas consumindo um remédio que não será barato. Afinal de contas, a morte por HIV é horrenda. Tendo ou não grana, o sujeito vai se virar pra evitar isso - e se ele não puder pagar, vai fazer de tudo pro governo do país dele bancar. Não importa quem compra, o que importa é vender.

Outro caso interessante é o do câncer. Alguns fármacos descobertos recentemente têm atividade que controlam o crescimento ou até mesmo fazem regredir certos tipos de cânceres. Um deles, não tão recente, mas um dos mais importantes, é o Glivec. Enquanto se consome o remédio, nada de câncer. Parou, o câncer volta. Alguém se arriscaria?

No final pergunto: se é possível cronificar uma doença, pra que procurar uma cura? Pra tratar o sujeito e ele nunca mais ter que ver aquele remédiod e novo? Nem a pau... a ordem do dia é cronificar. Anotem essa palavra, pois nossa saga continua.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Associação Brasileira de Portadores de Angioedema

A pedido de uma colega da FOC, vai um post pra divulgar o trabalho da Associação Brasileira de Portadores de Angioedema, que pode ser visto neste link aqui. Colocaremos o link aí na barra de ferramentas pra ficar sempre visível. Pro pessoal que acompanha o nosso blog e que também tem um blog, espalhem a informação. Esperamos que a divulgação possa atingir pessoas que venham a se beneficiar desse trabalho.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Respeito e tolerância.

Gosto de tema, respeito e tolerância. Acho que as palavras têm muito em comum, mas são usadas de forma indiscriminada e, principalmente, são intercambiadas de forma equivocada. Respeitar é uma coisa, tolerar é outra. Nos aprofundamos na questão mais adiante. Por enquanto, vai um link para um texto, meio longo, mas que vale a pena, sobre tolerância. Onde ela surge de forma mais visível e suas conseqüências sociais. Comento o texto depois. Por enquanto, vamos ao dito cujo que está nesse link aqui. Critiquem.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Em algum lugar do passado...

Nesta semana que chamam de "santa", a última que passou e todo mundo suou água com açúcar, pude visitar a minha querida Galeria do Rock. Hum!!! Antes de irmos, eu, minha namorada e um amigo que passou a semana em meu apartamento, procurei aquela camiseta surrada de banda, aquela bota de couro que transforma os dedos em amoras, dinheiro trocado para um café (antes era para bomberinho e cerveja mas...) e saí todo empolgado em direção ao que era meu refúgio nas tardes de sábado quando tinha meus 14 aninhos. A sensação estava de pura nostalgia, meus pensamentos tinham cheiro e sabor. Minha namorada empolgadíssima de tanto que já havia falado para ela sobre a Galeria do Roooooockkk... cara, animal!!! aham, desculpem-me.

Enfim, tudo estava maravilhoso até eu perceber que estava sentado no banco do meu carro. Ué? Péra aí!! Tem alguma coisa de errado. Nunca tinha ido para a galeria de carro, coisa óbvia! Mas não desanimei, meti um Sabbath no Cacareco (meu carro) e seguimos nosso destino. Detalhe, quem me ensinou o caminho até a galeria foi meu amigo que mora na Bahia, nasceu em Belém do Pára e viveu em São Paulo uns anos.

Não foi difícil chegar, cidade vazia, excelente companhia e cigarros. Difícil foi ter que desembolsar vinte pilas por 3 horas de passeio. A nostalgia foi passando a cada passo. Lojas diferentes, novas tribos, novas marcas, novos bonecos (que absurdo!) e de repente... tudo ruiu, quando vi, que o meu boteco preferido, virou uma hamburgueria!!!!

A Galeria do Rock, para mim, era um ponto de encontro que honrava seu nome... ROCK. Decepcionei-me na hora, mas passou quando percebi que, o primeiro cd que adquiri naquele lugar, o meu grande sonho de consumo na época, Paranoid do Black Sabbath, estava o mesmo preço de um hamburguer do meu estimado antigo buteco, R$ 8,80. Na época em que comprei este cd, ele deveria custar o dobro e mais uns 3 contos. Logo pensei, "cacete Leo!!! você já envelheceu o suficiente para poder perceber que o sonho não morreu cara, ele virou hamburguer"... e sempre vai virar alguma coisa.

Por sinal, o hamburguer era bom mesmo, recomendo. Terceiro piso. E uma coisa que gostei de ver na Galeria também, o respeito entre os frequentadores, pelo menos ninguém se agrediu enquanto lá estive. E desta vez, não prefiro recair.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Quando não dá para parar de pensar, pensemos em outra coisa...

Quando me deparei com esta citação, apropriada por mim descaradamente (prometo encontrar o autor), aí que não consegui parar de pensar mesmo. Será que é possível ficarmos por um intervalo de tempo sem pensar em nada?

Os praticantes de Yoga em suas meditações dizem que sim. Eu acredito, afinal de contas, que nesta prática há uma conjunção interessante entre mente e corpo. Mas fica uma pergunta para os meus amigos mais próximos das biológicas do que este réles pensador da mente e do comportamento humano. Será que os arcos-reflexos não geram algum tipo de pensamento, inconsciente que seja? E se os praticantes de Yoga meditam para o autoconhecimento e entram em contato com seu inconsciente, supostamente esta entidade psíquica elaborada por Freud, e cerne de toda base filosófica ou científica da psicanálise, seria um caos que se não penetrado com as devidas precauções, causariam danos irreversíveis a estrutura da psique humana. Gostaria de saber, então, se algum praticante pode me esclarecer sobre isso. De como é a orientação e o seu método, pois o que vejo em livros não sustenta minha saciedade de conhecer um relato de quem pratica esta "filosofia de vida".

Do mais, temos Isabella e Nardoni, Glauco e Psicose, analogias simples de gente quase parecidas; a diferença seria o uso de drogas num caso e no outro a falta de uso da droga certa...recomendaria Zyprexia...mas não posso receitar...e neste ínterim de infanticídios e homicídios perpetuados pela estupidez, não poderia deixar de dizer que...eu hein...Prefiro recair.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Finalismo e Intencionalidade

Quando estudamos ciência, temos um péssimo hábito de dizer que "células fazem isso" ou que "receptores decidem aquilo". Na verdade, não, células e receptores não decidem fazer isso ou aquilo. Simplesmente há uma enorme cadeia de eventos que são meramente mecanísticos, portanto sem qualquer intenção; equilíbrios químicos, alterações de voltagem, interações moleculares, e eles acontecem da forma que acontecem, pois durante milhões de anos de evolução e seleção natural, as coisas ficaram como são e não há nenhuma finalidade nisso.

É difícil lidar com isso, uma vez que fomos criados numa tradição cultural em que sempre deve haver um motivo para os acontecimentos, sejam eles quais forem. Não há motivo. As coisas acontecem do jeito que acontecem e são como são. Ponto final.

Isso dificulta demais as nossas explicações, pois sempre procuramos um modo de colocar as coisas de forma compreensível. Assim, acabamos por sacrificar o rigor pra sermos entendidos. Pior pra todo mundo: pro aluno, que aprende uma coisa potencialmente danosa pro seu entendimento futuro de outros conceitos; pior para o professor, que terá que conviver com suas metáforas eternamente sendo replicada nas provas, e para quem for usuário dos conhecimentos desses formandos num futuro próximo.

Papo de doido? Pois leiam essa reportagem aqui e me digam se isso não é fruto de simplificações equivocadas, mal-feitas e absurdamente infelizes - apesar de bem intencionadas. A célula tumoral passa a ter poderes de James Bond e parece que fármacos e tumores brincam de Tom & Jerry. Tudo bem, vão me dizer que é para o público leigo, que nós cientistas temos que sair da nossa torre de marfim e levar o conhecimento para o público. Ótimo. Mas a que custo?

Com o aumento do acesso à rede, qualquer pessoa lê qualquer coisa (vide post abaixo) e acha que pode sair por aí dando pitacos e ser um especialista. Esse é outro problema. Sério, mas em outro lugar. Aqui nesse post a pergunta é: conseguimos extirpar todo o finalismo e intencionalidade das nossas palavras, explicações e conceitos? Belíssimo desafio... mas vale tentar.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Interferências cibernéticas

Discute-se muito o papel da mídia na educação. Isso está se ampliando, já que tanto as mídias têm se expandido em quantidade e abrangência, com a informação se tornado cada vez mais disponível (mesmo que geralmente com qualidade abaixo do sofrível); e a educação, ou pelo menos os processos de aprendizado, têm saído cada vez do âmbito exclusivo do processo formal, ou seja, se aprende cada vez mais fora da escola (seja ela qual for).

As conseqüências disso são imprevisíveis, mas aos poucos vão aparecendo dados que quantificam esse fenômeno. Numa matéria que pode ser lida aqui, um pessoal mostrou como o acesso à internet direciona algumas escolhas dos pacientes em procedimentos médicos. A pesquisa mostra que os pacientes, quando possível, optam por determinada forma de anestesia em detrimento de outra quando têm acesso à informação.

Não é de se estranhar. Temos visto um "boom" de pseudo-especialistas dando pitacos em blogs, sites e o diabo a quatro por aí sem ter um pingo de noção do que se fala. Lúpus, câncer, diabetes... a lista é infinita!!! De repente todo mundo virou especialista em alguma coisa...

Quanto disso é da nossa conta? Bom, é da nossa conta o fato de a wikipedia ter seções dedicadas à farmacologia, a Anvisa ter um bulário online e até o "How Stuff Works" ter páginas sobre Síndrome do Pânico com sintomas, diagnóstico e tratamento. Auto-medicação não é simples, auto-diagnóstico menos ainda: síndrome do pânico não é prisão de ventre! Mas os "especialistas" vicejam ao largo. Não que a wikipedia seja uma porcaria: geralmente não é (pelo menos em inglês). Mas daí, de se ter uma noção ultra-superficial de uma doença a se imaginar capaz de dar opinião sobre o caso, tem um enorme abismo.

Não sou contra a propagação da informação, pelo contrário, temos sim que ter acesso. Mas mais do que isso, temos que ter noção que não entendemos do assunto. E aí é que mora o perigo... aí é que está a encrenca.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Notícia que pode interessar

Pessoal, abriram as inscrições na USP pra obtenção de bolsa do CNPq. Quem estiver a fim de arranjar uma IC com bolsa, ou que já esteja há algum tempo em algum lugar, vale dar uma olhada nisso e lembrar seus orientadores. Vai aí uma parte do informe que está circulando.

Aproveitando o gancho, deixo um aviso: pra se fazer qualquer coisa no mundo acadêmico - e em muitos ramos do mundo privado - é necessário ter um currículo cadastrado na Plataforma Lattes do CNPq. Vale também um naco do seu tempo.

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Estão abertas as inscrições para o processo de seleção à Bolsa de Iniciação Científica PIC/CNPq, RUSP (Institucional da USP) e Santander, no período de 22 de fevereiro a 23 de abril deste ano. As inscrições deverão ser realizadas para os alunos que pretendem ingressar no Programa, bem como para aqueles que já possuem Bolsa e almejam renová-la.

Renovação de Bolsa: Em caso de pedido de renovação de Bolsa, o aluno deverá apresentar os documentos citados acima e adicionar a estes a solicitação de nova bolsa e a justificativa de aprofundamento do tema e do orientador para a continuidade da Bolsa.


A Pró-Reitoria de Pesquisa recomenda que seja indicado um aluno por orientador (alunos USP ou não).

Aproveitamos a oportunidade para informar que o prazo para solicitações de substituição de Bolsa PIBIC dos atuais bolsistas será até o dia 26/02 do corrente ano."

Eu é um outro.

O Senador Cristovão Buarque, um senhor que particularmente respeito,apresentou um projeto de lei propondo que todo político eleito (vereador, prefeito, deputado etc.) seja obrigado a matricular seus filhos numa escola da rede pública de ensino. Alguns otimistas estão achando que isto seria a solução para a crise do ensino público do País. Otimismo alienado e sem noção do buraco que estamos. O problema da educação ao meu ver não é só da falência do ensino público. É falência da educação na maior abrangência. Estamos lidando com família em decadência, mídia em decadência, valores (longe de qualquer coisa de família, tradição e propriedade hein, pelo amor de Deus!) e o pior, na minha opinião meio Dom Quixote, decadência de sentimentos. Se olhássemos para o outro com o olhar que temos para nós mesmos, em nossos cuidados e asseios mais basais para nossa sobrevivência e busca da felicidade, poderíamos resolver num plano micro, problemas que nos invadem de um plano macro. O que estou tentando dizer, é que a experiência de alteridade ultrapassa os pré-conceitos que envolvem o siginificado de altruísmo. Ajudar o outro para se sentir bem poderia ser um caminho se não houvesse um pensamento de troca envolvido no ato. Mas geralmente existe. A alteridade implica em se alienar na situação do outro e se separar desta alienação para uma possível análise do que se passa com o indivíduo com o qual praticamos a experiência. Após uma análise crítica, poderíamos desvelar alguns dos porquês de certas atitudes que o indivíduo tomou num determinado ponto de sua vida. Trabalhar nestes porquês nos traria respostas para investigarmos com mais detalhes as falências de tantas forças que sustentam uma sociedade em quase harmonia.
Voltando ao projeto de lei de nosso caro Senador, colocar os filhos de políticos numa escola pública, na minha opinião, aumentaria a curto prazo o índice de analfabetismo (isso se os papais não derem um jeito de particularizarem o ensino dos pimpolhos), não creio que nos ajudaria; como disse creio que o buraco é imenso e mais embaixo. É um problema do modus vivendi do ser humano. E se o ditado for verdadeiro, "filho de peixe, peixinho é", Misericórdia... Prefiro recair!

Projeto de lei do senado número 480 de 2007

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Freud explica...

Escrito em 1929, o Mal-Estar na Civilização, grande escrito de nosso primeiro google (afinal, bem antes da internet as pessoas já falavam "Freud Explica!"), mostra o conflito entre o indivíduo em busca pelo prazer a qualquer custo vivendo em uma sociedade que o reprime. Uma sociedade na qual seu nicho não fornece aquilo que seria necessário aos seus integrantes para que todos vivessem felizes para sempre (que bonitinho!). Neste duelo, indivíduo-sociedade, duas forças internas do ser humano entram para "ajudá-lo". Uma se chama pulsão de vida, ou eros, ou princípio do prazer, responsável pela interação do indivíduo com a sociedade através da aproximação dos indivíduos etc. E uma outra, chamada pulsão de morte, thanatos, ou princípio da realidade, responsável pela tendência de destruição da sociedade. Neste escrito, Sigmund Freud nos fala da impossibilidade da felicidade total do indivíduo frente às repressões impostas pelo policiamento de uma sociedade utopicamente dita em harmonia. Para se livrar destas repressões, os mais saudáveis encontram o amor, seja ele interpessoal ou mesmo à própria alienação proveniente do policiamento que lhe é imposto. Outros, jogam-se em psicopatologias de inconformismo, pois o desequilíbrio entre as forças citadas tende mais para a pulsão de morte. Até aqui, leitura.

Chamou-me muito a atenção mais um destes noticiários vespertinos que sempre começam antes de você tomar banho. No meu caso eu ia comprar mais cigarros. O apresentador do telejornal disse mais ou menos isso:

- E nós vamos encerrar o jornal de hoje com essas imagens...Até amanhã gente!

As imagens apresentadas eram de um grupo de prostitutas trocando socos e puxões de cabelo. Logo pensei, vivemos numa sociedade, que até a destruição de nós mesmos é um negócio engraçado! Freud pode ficar sossegado, estamos achando muito prazer na destruição. Sempre haverá um grupelho de idiotas que acha muito louco ver desgraça alheia. Sem falar de sistema de saúde, corrupção, educação falida etc. Está todo mundo encantado com a possibilidade de se tornar feliz plenamente um dia. E o pior, não é por amor. Ou é pela pulsão de morte que nos atrai e esta, em desequilíbrio com a pulsão de vida, e estamos virando psicopatas; ou é pelo sonho idiota e mesquinho de que ficaremos ricos um dia. Programão daqui um tempo... assistir violência gratuita na tv, sair para caminhar e chutar um mendigo, roubar a banca de jornal para jogar na megasena. UHU! Prefiro recair.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Por quem os sinos dobram?

O filósofo Nietzsche diz que é “corrompido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando perde seus instintos, quando escolhe, quando prefere o que lhe é pernicioso”. Oras, daí poderíamos pensar que um ser corrompido escolheu corromper-se na maior, -Ah, vamos lá, ninguém vai saber mesmo! Hoje em dia a coisa está tão séria que a afirmação servida como mecanismo de defesa do safado mudou e tornou-se um pouco mais triste, -Ah, vamos lá, se descobrirem eu dedo todo mundo, quero ver o que vão fazer comigo, ninguém vai ter peito de me encarar! Isto demonstra sim um problema sérissimo de impunidade, mas o pior, o buraco está mais embaixo. Se um sacana pensa desta maneira ele está metido numa rede de corrupção. Nesta rede, forçado pelos membros dos Direitos Humanos, devo chamá-los de seres humanos (tenho a desculpa da espécie, ainda bem!),cada indivíduo já tomou sua decisão de ser corrompido. E cada um destes pertence e é controlado por um aparato burocrático que envolve milhares de outros "seres humanos".Todos os brasileiros que assistem jornais de canais abertos, ouvem todos os dias que a corrupção rola solta e nada acontece. Confio ainda no caráter de algumas pessoas, mas sei tambem o poder que a propaganda pode fazer com a massa. Segunda Guerra, alguém se lembra? Estou preocupado, será que daqui a alguns anos terei que pagar propina para minha mãe dizer que me ama? Prefiro recair.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Jalecos e a descrença microbiológica

Alguém aí anda de jaleco na rua pra pagar de "dotô"? Quem nunca deu um passeio na rua de jaleco? Quem nunca "esqueceu" de tirar o jaleco depois de uma aula prática na facu, ou do estágio?

Bom, quem nunca fez uma dessas que atire a primeira pedra.

Fato é que o jaleco chama atenção por que geralmente são os médicos que andam por aí paramentados com os seus. E é isso mesmo que o jaleco é, um paramento. Assim como o juiz usa a toga, o papa usa a mitra, o mecânico usa o macacão, o soldado a farda, um médico usa seu jaleco. E não me venham dizer que esse acessório é típico dos "profissionais da saúde". Até é. Mas sempre a imagem é associada ao médico.

O problema é que o jaleco é, teoricamente, um equipamento de segurança. Nunca li ou estudei sobre quanto ele de fato te protege. Mas é o que é e pronto. No caso de algumas funções em laboratórios, o jaleco protege a amostra; no caso dos médicos, algumas vezes a proteção é para o paciente.

Então, convenhamos, que ficar entrando em milhões de quartos por dia, em setores extremamente contaminados de hospitais - onde as contaminações são nervosas mesmo - e depois dar um passeio na rua, não é algo inteligente. Há um trânsito de partículas e microorganismos que é potencialmente nocivo tanto do hospital para a rua, como no sentido contrário. Isso sempre foi alvo de críticas acerbas de gente grande. Se fizeram de surdos. Como médico não acredita em bactéria até hoje, pra que se importunar?

Então um político resolveu dar uma canetada e proibir que se use equipamento de segurança fora do local de trabalho - inclusive jalecos!!! A reportagem pode ser lida aqui.

Típica lei que vai depender de "pegar". Controle difícil, fiscalização complicada. Mas por que não tentar?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nice shot

Finalmente encontrei uma matéria de divulgação científica decente, correta e equilibrada na imprensa nacional. O sujeito escreveu sobre uma descoberta muito interessante do pessoal do Instituto de Biologia da USP. O grupo do Prof. Eduardo Gorab descobriu que o DNA pode formar hélices triplas.

Isso não é lá uma grande novidade, pois já haviam isolado esse tipo de estrutura in vitro, quer dizer, em tubos de ensaio. Sempre se considerou que essa era uma possibilidade viável, mas até então se achava que isso não passava de um artefato. Ou seja, é um resultado de uma experiência que não poderia acontecer naturalmente e que foi causado por um método de experimentação errado. A grande novidade, então, é mostrar que isso acontece in vivo, ou seja, que pode haver ocorrência natural desse fenômeno. A matéria do nosso colega dá uma explicação bem legal e mostra que o balaio de gatos é bem grande mesmo. Por isso não vamos nos ater aos detalhes técnicos.

Entretanto, a idéia é mostrar que uma matéria de divulgação científica pode ser bem feita, pode ser tecnicamente correta e ainda assim acessível. Cientistas podem aprender jornalismo, e jornalistas podem aprender ciência. Onde está o nó? O jornalista entende a melhor forma de transmitir uma notícia. Mas transmitir uma notícia não necessariamente é transmitir um dado. Cientistas têm a fama de serem prolixos e confusos, e geralmente o são. Pior, eles tendem a se munir de jargões e termos técnicos que só são compreensíveis pelos seus pares, ou curiosos de áreas correlatas. Jornalistas têm a fama de simplificar as coisas, e acabam por dicotomizar demais os achados científicos fazendo com que tudo seja sempre "sim" ou "não"; e sabemos que não é assim. A ciência é cheia de nuances e tons de cinza. E aí está a dificuldade: acertar o peso da mão entre o detalhe incompreensível dos tons de cinza e a simplificação exagerada do preto e branco.

Leio regularmente o blog onde esse jornalista escreve, e geralmente quebro uns paus com os caras - por vários motivos. Mas nessa matéria, tenho que tirar o chapéu: o tiozinho acertou a mão!!! Vale um naco do seu tempo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Antigos espíritos do mal.

Observando através desta nova janela aberta, para um deslumbre quase cômico de meus olhos, imagino a sensação de dois seres ao perceberem que podem fazer fogo. Hoje, lá pela hora do almoço, recebi a visita de um exorcista. Ele tinha uma malinha preta e tudo mais. Não estava surpreso com sua visita, pois fui eu quem solicitou sua ajuda. Estava perdido. Não sabia mais o que fazer. Ouvia barulhos estranhos vindos de minha janela. Meu terapeuta também já não sabia mais o que me falar sobre o assunto. As medicações não faziam mais efeito. Até meus Professores de Psicologia não entendiam mais meu comportamento. Enfim, estava desesperado. Até que o exorcista chegou, olhou para minha janela e disse:

-Com este roteador os grunhidos vão desaparecer e as mensagens de erro vão sumir.E seus professores vão ficar muito mais satisfeitos quando você não entregar mais trabalho escrito à mão!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Saudações, agradecimentos e timidez...

É com enorme prazer que me apresento a todos colaboradores desta destilaria. Espero contribuir com a acidez típica de um amigo muito proximo da "Montagna" crítica. Sobre minha timidez inicial, justifico-a com minha ex-tendência tecnofóbica. Tenho contado com a ajuda de medicações e psicoterapias para me tornar um 21th century digital boy. Meu caro irmão de semelhança também fenotípica, tem contribuído para que eu obtenha êxito em usar mais as minhas mãos para o teclado do computador ao invés dos botões do caça-níqueis. Farei com ele o contrário, afinal...o prazer pode estar em se saber de tudo um pouco para escolhermos o que deveremos saber muito, ou saber um pouco de tudo já é saber muito? Não tenho respostas, mas quero prazer. Prazer em conhecê-los...aos poucos. "Chove chuva....chove sem parar!!!"

domingo, 31 de janeiro de 2010

Novo colaborador

Salve, salve, pessoal.

O blog voltou. Não tá de cara nova. Não tá com mote novo. Não tem nada de novo, exceto um colaborador.

Leon Gonzalez, amigo véio de quase doze anos de USP. Entrou em química, achou que aquilo era coisa de louco, foi tomar conta da vida e depois voltou pra estudar a mente humana. Está concluindo o curso de Psicologia e se embrenhando na neurociência. Só quem esteve lá sabe o que a gente viu junto nesse mundão véio sem porteira.

Ele ainda está tímido, mas em breve se animará com contribuições.

Enquanto isso, vamos com este que vos fala.

Até a próxima.

domingo, 24 de janeiro de 2010

De volta ao batente

Salve, salve, meus três leitores...

Depois de dias conturbados por aí, com um caminhão de histórias pra contar, estamos de volta ao batente. Histórias científicas, pessoais, histórias.

As notícias científicas nesses tempos foram animadas. Há uma ou duas coisas pra comentar do que andou acontecendo por aí. Mas no final das contas, seriam requentadas. Aguardemos por coisas novas.

Em breve o blog ganhará mais colaboradores, e vejamos se expandimos os horizontes e o nosso público trazendo mais gente de outras bandas.

E vamo que vamo...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Blog em recesso

Olá, pessoal. Estou fora do Brasil a trabalho e com bem pouco tempo pra manter esse blog na ativa. As notícias científicas têm aparecido, mas vão ficar para o começo das atividades no próximo ano (leia-se, depois do carnaval).

Enquanto as coisas vão mornas na ciência, e todo mundo está curtindo suas férias, eu vou trabalhando no hemisfério Norte. Sendo assim, nos vemos no início das aulas, que é exatamente quando volto.

Bom ano que vem por aí para todos.