A indústria farmacêutica é um dos ramos mais lucrativos do mundo. Não por acaso andou pairando acima do bem e do mal em tempos de crise. O pessoal deixa de viajar, comprar coisas, trocar de carro, fazer o diabo, mas remédio não entra na lista de cortes. Junto com isso, devemos deixar de ser hipócritas e idealistas e parar de pensar na indústria farmacêutica como algo pro bem da humanidade. Não é. Como qualquer indústria, ela visa o lucro. Ponto final.
Tendo isso como ponto de partida, devemos imaginar quanto custa colocar um remédio no mercado - toda a pesquisa necessária pra fazer uma molécula sair do laboratório de uma universidade e cair nas prateleiras das farmácias. É uma grana grossa. Justificada, não justificada, necessária, desnecessária... não vou comprar essa briga por enquanto. A idéia agora é tratar dos sonhos de consumo da indústria: como lucrar o máximo, pelo máximo tempo possível.
Não é necessário nenhum exercício intelectual muito profundo pra se chegar na condição médica que faz brilhar os olhos da indústria farmacêutica, a doença crônica. Imaginem que um cidadão hipertenso começa a ter problemas lá pelos seus 40 anos de idade, e vai morrer de infarto aos 60. São vinte anos tomando um caminhão de remédios. Mas tem muita gente que não se cuida, por que os sintomas de hipertensão só aparecem quando a coisa já tá grave; o mesmo vale (bem porcamente) pra diabetes tipo II; ouso até dizer que tabagismo e alcoolismo entram pra essa estatística. Mas as duas grandes fatias, caro leitor, aparecem de fontes inauditas. Câncer e AIDS.
Esse ano duas notícias de remédios interessantes para essas doenças apareceram na mídia. A primeira foi uma declaração de Luc Montagnier (Nobel de Medicina de 2008) dizendo que o caminho é tornar a AIDS uma doença crônica (entrevista nesse link aqui). Tirando que o sujeito é só ganhador do Prêmio Nobel pela descoberta do vírus e uma das vozes mais influentes da história recente da ciência e da medicina, o que ele sugere é um sonho brilhante para a nossa indústria. Vejamos... o adolescente contrai o vírus aos 16 anos e pode viver com ele até os setenta e poucos anos (considerando a média de vida humana em países razoavelmente bem das pernas). Isso significa coisa da ordem de cinco a seis décadas consumindo um remédio que não será barato. Afinal de contas, a morte por HIV é horrenda. Tendo ou não grana, o sujeito vai se virar pra evitar isso - e se ele não puder pagar, vai fazer de tudo pro governo do país dele bancar. Não importa quem compra, o que importa é vender.
Outro caso interessante é o do câncer. Alguns fármacos descobertos recentemente têm atividade que controlam o crescimento ou até mesmo fazem regredir certos tipos de cânceres. Um deles, não tão recente, mas um dos mais importantes, é o Glivec. Enquanto se consome o remédio, nada de câncer. Parou, o câncer volta. Alguém se arriscaria?
No final pergunto: se é possível cronificar uma doença, pra que procurar uma cura? Pra tratar o sujeito e ele nunca mais ter que ver aquele remédiod e novo? Nem a pau... a ordem do dia é cronificar. Anotem essa palavra, pois nossa saga continua.
Tendo isso como ponto de partida, devemos imaginar quanto custa colocar um remédio no mercado - toda a pesquisa necessária pra fazer uma molécula sair do laboratório de uma universidade e cair nas prateleiras das farmácias. É uma grana grossa. Justificada, não justificada, necessária, desnecessária... não vou comprar essa briga por enquanto. A idéia agora é tratar dos sonhos de consumo da indústria: como lucrar o máximo, pelo máximo tempo possível.
Não é necessário nenhum exercício intelectual muito profundo pra se chegar na condição médica que faz brilhar os olhos da indústria farmacêutica, a doença crônica. Imaginem que um cidadão hipertenso começa a ter problemas lá pelos seus 40 anos de idade, e vai morrer de infarto aos 60. São vinte anos tomando um caminhão de remédios. Mas tem muita gente que não se cuida, por que os sintomas de hipertensão só aparecem quando a coisa já tá grave; o mesmo vale (bem porcamente) pra diabetes tipo II; ouso até dizer que tabagismo e alcoolismo entram pra essa estatística. Mas as duas grandes fatias, caro leitor, aparecem de fontes inauditas. Câncer e AIDS.
Esse ano duas notícias de remédios interessantes para essas doenças apareceram na mídia. A primeira foi uma declaração de Luc Montagnier (Nobel de Medicina de 2008) dizendo que o caminho é tornar a AIDS uma doença crônica (entrevista nesse link aqui). Tirando que o sujeito é só ganhador do Prêmio Nobel pela descoberta do vírus e uma das vozes mais influentes da história recente da ciência e da medicina, o que ele sugere é um sonho brilhante para a nossa indústria. Vejamos... o adolescente contrai o vírus aos 16 anos e pode viver com ele até os setenta e poucos anos (considerando a média de vida humana em países razoavelmente bem das pernas). Isso significa coisa da ordem de cinco a seis décadas consumindo um remédio que não será barato. Afinal de contas, a morte por HIV é horrenda. Tendo ou não grana, o sujeito vai se virar pra evitar isso - e se ele não puder pagar, vai fazer de tudo pro governo do país dele bancar. Não importa quem compra, o que importa é vender.
Outro caso interessante é o do câncer. Alguns fármacos descobertos recentemente têm atividade que controlam o crescimento ou até mesmo fazem regredir certos tipos de cânceres. Um deles, não tão recente, mas um dos mais importantes, é o Glivec. Enquanto se consome o remédio, nada de câncer. Parou, o câncer volta. Alguém se arriscaria?
No final pergunto: se é possível cronificar uma doença, pra que procurar uma cura? Pra tratar o sujeito e ele nunca mais ter que ver aquele remédiod e novo? Nem a pau... a ordem do dia é cronificar. Anotem essa palavra, pois nossa saga continua.
2 comentários:
animal!
o foda é que para estupidez não há remédio.a não ser a marreta.
cronificando a ansiedade...escreve logo a parte II.
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