terça-feira, 14 de abril de 2009

Constatações do óbvio

Olha que reportagem interessante aqui. Vai mexer com brios por aí por que o assunto é sério e levado nada a sério: infecção hospitalar.

As comissões de infecção hospitalar deveriam ser organismos multidisciplinares, com independência dentro de um hospital; com autoridade suficiente pra tomar decisões e dirigir programas de educação. Nada acontece. As comissões existem no papel ou têm atuação extremamente limitada. Médicos, biólogos, epidemiologistas, farmacêuticos, biomédicos, enfim, deveria ser um dos lugares mais empolgantes pra se trabalhar: pelo trabalho de investigação em si como por trocar experiências com profissionais de áreas diferentes da nossa. Dos meus colegas que trabalham em hospital, todos dizem que isso é um delírio meu. Tanto pior.

Duas coisas: a pesquisa não vai mudar nada; e imaginem como não é fora de SP.

Dica: jamais faça uma cirurgia se não for absolutamente necessário.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Jogo dos 7 erros... a Saga

Olha que reportagem odiosa... nesse link aqui... logo de cara os caras já mandam a pérola e nem dá pra continuar lendo.

Pro meu azar, minha família tá cheia de gente crédula até os ossos. E no momento exato em que eu lia a tal reportagem, um primo da minha mãe liga dizendo pra ver esse site aqui. Segundo ele, "é pra largar desse maldito hábito de tomar remédio que essa velharada tem".

Olha pra quem a criatura vai falar? Pra um FARMACÊUTICO, cientista, cético e racional... pobre primo...

Vejam o amontoado de horrores que se pode produzir por linha de texto. E com todos os requintes de crueldade que a coisa pode ter. O site todo é um tratado de pseudociência, charlatanismo, credulidade, ignorância e abuso da boa fé. O pior é que a fulana deve acreditar mesmo naquilo... onde vamos parar?!?

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Intuição ou dados pouco claros?

Será assunto essa semana: o terremoto na Itália.

Sem dúvida é, como muitos eventos naturais, de dificílima preditibilidade, justamente pela complexidade do processo e pelos erros inerentes aos métodos de predição. Facilitando a linguagem, vejam a meteorologia com tempestades e furacões; a geofísica com vulcões e terremotos. Os dois primeiros podem ser detectados no máximo com algumas horas de antecedência; os dois seguintes, nem sei com quanto tempo - e qual a margem de erro para essas previsões.

Pois vejam a matéria aqui, onde um técnico vinha notando modificações em algumas de suas medições que eram consistentes com o evento que acabou se consumando essa noite. Foi uma intuição? Ou apenas os dados eram pouco claros e assim, não carecia de alarde? Quanto disso é uma percepção subjetiva, quanto é paranóia, e quanto é a percepção apropriada e prudente de um evento de difícil predição?

Lembrem-se, somos cientistas. Qual o custo da prudência excessiva? Qual o custo de margens de erro mal-avaliadas? Qual o custo da negligência?

Os resultados são até agora, além da destruição inevitável de imóveis, 92 mortes evitáveis.