Gilberto Dimenstein
Imagine uma universidade com sofisticados laboratórios e bibliotecas, nos quais se reúnem professores, pesquisadores e alunos da elite econômica de um país. Imagine também que, nesse lugar, além da excelência acadêmica, as pessoas sejam preocupadas com a inclusão social. Finalmente, imagine que, ali, seja considerado um dos principais centros de conhecimento da América Latina e até do mundo. Está pronto?
Agora, imagine que, nesse espaço, se coloque uma escola pública gerida por uma faculdade de Educação, destinada majoritariamente aos filhos e funcionários da universidade. Como você acha que seria essa escola pública? Lamento, mas você, caro leitor, errou.
Existe uma escola pública, com apenas 733 alunos, dentro da USP, a principal referência brasileira de ensino superior. Mas essa escola não está nem mesmo entre as 40 melhores do Estado de São Paulo, a julgar por um indicador que acaba de ser divulgado (o detalhamento está no www.dimenstein.com.br).
O resultado mereceria várias teses de doutorado sobre a dificuldade de articulação de uma escola pública com a sua comunidade. Bastaria que um punhado de voluntários da USP assumisse a tutoria dos alunos com maior dificuldade ou que se usassem melhor os recursos disponíveis da universidade ( laboratórios, bibliotecas e museus), além dos serviços médicos, psicológicos e assistenciais, para que, em curto período, aquela escola seja uma das melhores do Brasil.
A USP prestaria um gigantesco serviço à nação se usasse sua inteligência para ensinar a fazer melhores escolas públicas --aliás, está nas suas origens a missão de ajudar a educação pública. Mas, ao contrário, dá um mau exemplo, que arranha sua imagem perante aos cidadãos e contribuintes."
RESSALVAS1. O Dimenstein é um onguista endinheirado, com o rabo preso com o PSDB de São Paulo e que vive adulando os caras pra conseguir privilégios. Além do mais, ele posa de intelectual, mas é um grande pilantra.
2. Ele tem razão quanto ao fato de ser, no mínimo, constrangedor pra escola de aplicação não ter um bom desempenho nas avaliações. Mas ele não mostra como é a estrutura de lá e que a maior parte dos alunos que trabalha lá o faz por obrigação e não por vocação. Oras, não isso o que acontece em TODAS as nossas escolas? Se é professor por FALTA de opção. Ou pra fazer um complemento da renda.
3. Imaginem então como estão outras escolas por aí...
4. Ele não falou de outras escolas de aplicação: da Ufscar, da UNESP, da UNICAMP... todas elas têm escolas de aplicação, e que tb aparecem mal nas estatísticas. Mas ele vai no pescoço da USP. Primeiro por que é bom achincalhar as mazelas da USP (eu tenho uma teoria sobre isso) e segundo, por que sempre é legal apedrejar vitrines. Não tenho por que defender a USP, já que sou muito crítico com relação a um monte de coisas sobre ela, mas não sei se não há uma certa parcialidade do sujeito - levando-se em consideração suas ligações políticas.
5. Façam o exercício de pensar no que isso significa para professores tacanhos - que acham que são os bons e estão espalhados aos montes por aí? Já ouço em salas-dos-professores por aí... "Tá vendo, pra que serve aquela faculdade de educação; depois vem me dizer pra eu me meter com essas coisas... a minha aula é muito melhor que isso!!! Meus alunos é que estão bem!!!"
Oh, Lord!!!!
5 comentários:
Nós humanóides somos mesmo muito estranhos... Eu, do lado de cá da conversa,sempre ouvi as pessoas ( os professores)falarem muito bem da USP. Ser formado pela USP é um sonho para qualquer estudante e um orgulho para os que se formaram lá.Que atire a primeira pedra quem não se sentiu ou se sente frustrado por não ver o nome na lista de aprovados do vestibular. De uns tempos pra cá só ouço falar dos defeitos da USP e aqui nós temos isso e aquilo... Ela tem seus pontos fracos, é claro, mas que instituição pública ou PARTICULAR (porque também elas são mal gerênciadas)não tem problemas?
Não é porque a USP tem potencial para ser mais e melhor que nós vamos rebaixá-la. Ela ainda é( doa a quem doer) uma das melhores Universidades da América Latina. Bem diz o ditado (detesto ter de usá-lo, mas se encaixa no contexto): Quem desdenha quer comprar!
O problema é que a usp é grande demais. E cada pedaço tem seus problemas e seus trunfos... sucatearam uns pedaços, sobrecarregaram outros,... no grosso lá tem um problema: instituição pública. O cara pode fazer a merda que for e não pode ser demitido. Essa é a encrenca...
Mas essa, é outra discussão... bem mais encarniçada!!!
Não aguento mais ouvir que as coisas são como são... que tudo sempre foi assim... Essa estrutura "imutável" me dá náuseas. Não é possível que o "modus operandi" das instituições públicas não possam ser mudados! Se não funciona por bem, há de funcionar no grito. Quantas pessoas estudam na USP? Se todo mundo, tudo bem 1/4, começar a por a boca no trombone eles vão ter que fazer alguma coisa, certo?
Sabe, esse conformalismo geral não nos leva a nada. Claro que mudar o funcionamento das coisas, principalmente da coisa pública, não é fácil. Mas tá passando da hora de tirar essa velharia das instituições públicas.
As instituições públicas vão continuar assim. É um ranço... doce, e eficaz em meio ao vulgo. Lamente-se.
:>(
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