Estudar é um saco. Ir pra escola, faculdade, ou seja lá o que for, na maior parte do tempo é uma obrigação. Não há quem diga o contrário em algum momento da vida. Não há quem não tenha sentido o contrário, mesmo gostando muito. Eu não posso me queixar: fiz uma faculdade divertidíssima. Aprendi muita coisa legal. Mas passei muita raiva. Tive muita aula ruim, mesmo com professores absurdamente bem-intencionados. Alguém aí tem algo diferente pra dizer? Pois é... acho que não. Queixas não faltam.
O problema é que a psicologia, sobretudo alguns bons autores da pedagogia, conseguiram mostrar que não precisa ser assim. Pode ser divertido, estimulante, e, pasmem, nada sacrificado. Isso é o que um pessoal dos EUA mostraram em pesquisas recentes, que pode ser conferido nesse link aqui. Estudar é um saco, ir pra escola, ainda mais. Aprender não. A situação da escola é chata, a obrigação de ter que fazer certas coisas sem o menor estímulo; ou pior, quando professores ruins conseguem estragar nosso ânimo com aulas ruins. Por outro lado, aprender é algo interessante. E faz todo o sentido.
O cérebro não consegue ficar sem informações novas. Isso é ainda mais verdade no final da infância e início da adolescência. Tudo aborrece, por que não há entrada suficiente de informação pra "animar" o cérebro. O que fazer, então? Oras, dê algo pra ele mastigar. Coloque os alunos pra descobrirem coisas novas. Faça-os ir procurar, deixe pistas e rastros e compartilhe com seus alunos a experiência da descoberta.
Opa... tem coisa nisso aí... tem sim. Isso já foi dito há mais de cinquenta anos, isso mesmo CINQUENTA anos!!! Um psicólogo americano chamado Jerome Bruner conseguiu fazer crianças em idade pré-escolar descobrirem sozinhas as operações fundamentais da matemática. Ele criou um sistema de atividades em que as crianças faziam brincadeiras com bolinhas coloridas e iam concluindo a cada passo qual operação havia sido feita. Depois essas crianças tiveram desempenho melhor em matemática que outras que aprendiam do jeito tradicional.
Moral da história: os americanos agora conseguiram encontrar alguns detalhes do que o Bruner encontrou lá atrás. Mas não inventaram a roda. Certamente incorporaram pesquisa de outros campos da psicologia, e estão expandindo o que o velhinho mostrou lá atrás. Não vou encompridar o assunto, mas junto com outro sujeito chamado David Ausubel, eles fizeram um barulho danado nos anos 50 e 60, quando os EUA se deram conta de que era necessário melhorar a educação no país, pra poder competir com a ex-União Soviética. E alguém acha que isso foi usado aqui no Brasil? Claro que não. E quantos dos nossos professores fazem idéia de quem foram esses caras, o que fizeram e como aplicar aquilo que eles mostraram há tanto tempo? Deixa pra lá...
Um comentário:
Eu já tinha lido algumas coisas a respeito. E, de verdade, eu sempre achei muito divertido aprender. O chato é ir à faculdade para fazer prova! Enfim tantas coisas... Mas eu tinha certo receio de fazer afirmações com esse teor, mais pelo receio de ser mal interpretado - senão alguém me diz: "é por que você não quer estudar". Poxa, eu estudo pra caramba, o máximo que eu consigo. Porém o método tradicional é chato, e eu tento incorporar os meus conhecimentos produzindo textos próprios, dialogando comigo mesmo sobre o que eu entendi (grande parte do tempo). Tenho pavor de decorar slides para fazer uma prova. Enfim, é um método muito usado. Recentemente eu li sobre uma escola em Portugal, que adotava uma metodologia diferente de ensino: deixava as crianças decidirem quais assuntos estudar naquele dia ou naquela semana. Elas estudavam com música e os alunos mais velhos ajudavam os mais novos com os assuntos não compreendidos nas aulas... Um temendo tiro no pé, pensando pela realidade da educação brasileira. Porém, em Portugal, quando essas crianças foram avaliadas em desempenho com outras, de escolas tradicionais, as crianças do "método diferente" apresentaram desempenho superior aos alunos do "método convencional".
Que bom que neste post é apresentada outra evidência que fortalece o que eu já observava na prática, na minha própria vida.
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