terça-feira, 31 de agosto de 2010

Reabilitação

Um grupo suíço está planejando reabilitar algumas drogas psicodélicas para o tratamento de certas moléstias psiquiátricas (link aqui). Estava demorando, mas a literatura especializada vinha dando indicações disso há algum tempo. É digno de nota também que, uma parte dos estudos desse tipo caíram em desgraça por conta da hipocrisia dos puritanos - que se recusavam a admitir que se usassem 'drogas' para doenças psiquiátricas. E outra parte caiu em desgraça por que os dados não eram claros ou os experimentos tinham falhas importantes.

Esse cenário experimental mudou bastante. O conhecimento das doenças psiquiátricas avançou demais, e a compreensão do sistema nervoso central como um todo também avançou bastante. O enrosco é que a mentalidade puritana e hipócrita não mudou. Assim, esses suíços vão ter que rebolar pra conseguir as aprovações necessárias pra conduzir os experimentos, e também terão que mostrar dados muito convincentes pra que as pesquisas possam continuar.

Como esses caras não dão ponto sem nó, é bem capaz que em breve tenhamos novidades para o tratamento de depressão e esquizofrenia - o que seriam passos enormes no tratamento dessas moléstias. E que certamente ajudarão a tapar a boca dos hipócritas.

14 comentários:

Loraine disse...

Eu não entendi se a proposta é usar a droga para fazer a psicoterapia ou usar a droga e fazer terapia...

montagna disse...

É um adjuvante. A droga deve ser usada em conjunto com a terapia. Mas o texto ficou ruim mesmo...

Anônimo disse...

ah, agora faz mais sentido!
Loraine

GaArini disse...

Acredito que o uso de tais drogas vá, assim como Montagna postou, de total encontro com a mentalidade puritana e conservadora dos suíços, onde as implicações de tais descobertas, e aplicações, atingirá diretamente os valores morais da população, pois agora o caratér de drogas psicodélicas terá outro enfoque, consequentemente: outra visão.

montagna disse...

Nem a pau, véio... acho que ao contrário. Não só eles terão uma resistência absurda em casa, como em outras partes do mundo. Americanos nem ousam tocar no assunto. Vc acha que um país que elegeu G.W.Bush e está preparando uma onda crescente de leis anti-imigração vai viver em paz com cientistas fazendo o diabo com a cabeça dos doidinhos? Nem pau... aliás, se isso der MUITO certo, vai demorar até sair da Europa.

V. disse...

Ainda sou a favor de tratamentos não invasivos.
Prefiro tomar uma droga e faz terapia à ter que implantar eletrodos no meu cérebro para acabar com a depressão.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/2010/01/21/implante-de-eletrodos-no-cerebro-pode-aliviar-sintomas-de-parkinson-e-depressao.jhtm
Sinceramente acho que até entre os puristas mais hipócritas prefeririam as drogas entre as duas escolhas.

montagna disse...

Eu tenho certeza que se vc tiver uma depressão animal e debilitante vc toparia qualquer coisa... na boa...

Natália disse...

Toda essa hipocrisia começa com a 'distribuição' de informações distorcidas. As drogas, quando usadas, produzem uma sensação 'boa' aos usuários; porém seu uso contínuo e inadequado trazem as consequências ruins. Pelo o que eu percebi, é essa sensação 'boa' que auxiliará os pacientes com doenças psiquiátricas em seus tratamentos; e isso acho de grande valia. Também acredito que haverá um monitoramento e estudo das outras consequências. O problema é quebrar com essa rejeição dos chamados puritanos. Sorte aos pesquisadores, porque será uma tarefa árdua.

V. disse...

Não sei se toparia qualquer coisa.
O desespero não necessariamente leva a atitudes insanas.
E não é por que está no desespero que vou sair impantando qualquer coisa no meu cerebro.
Alem do mais, uma coisa é controlar o uso de remédios que voce pode parar a qualquer hora e o máximo que vai ter é uma crise de abstinência, outra é controlar impulsos eletricos diretamente no cérebro. Esses impulsos podem causar epilepsia, e eu sei o quanto isso é ruim.

farmacéptica disse...

E porque isso seria insano se pode trazer benefícios pra alguém que sofra com uma depressão severa?
Os puristas... se entupiriam de calmantes. É socialmente aceito.
Muitos remédios, principalmente os de uso psiquiátrico, não podem ser interrompidos a qualquer hora.
Numa depressão, por exemplo, parar a medicação de uma vez pode desencadear um episódio depressivo e isso pode fazer paciente regredir no seu estado.
E abstinência não é como uma dor de barriga, não?

V. disse...

Sim, mas epilepsia tambem não é algo tão simples.
Ao se tratar a depressão com impulsos eletricos a variedade de respostas que o cérebro pode dar é infindavel. Não digo que abstinencia é uma dor de barriga, mas garanto que danos celulares permanentes no cerebro é muito pior.
Experimentos invasivos no cerebro já causaram episódios ruins e anti-eticos.
Diga-se de passagem o caso da retirada com cortex pre-frontal que causa danos permanentes à memoria e coordenação motora. http://pt.shvoong.com/medicine-and-health/1698171-lobotomia/
Ainda prefiro drogas, por que pelo menos seus efeitos podem ser controlados e podem ser feitos estudos melhores.

farmacéptica disse...

Sim, cncordo. Mas cadaindivíduo responde de um jeito à medicação e há casos bem sérios de depressão que são de difícel tratamento ou, p. e., a pessoa senti efeitos colaterais mais fortes do que o esperado.
Aí é questão de custo-benefício. E muitas terapias, técnicas, drogas... começaram tendo mais resultados ruins do que bons.

V. disse...

Sabe de uma coisa? Que se f* os puristas com sua mentalidade fraca, sem a ciencia não somos nada.
E concordo com vc, acho que cada caso deve ser minuciosamente estudado pra saber qual a melhor forma de tratamento. Independente se é com drogas convencionais, ilicitas ou implantes no cérebro, o que vale é melhorar a vida dessas pessoas.
E acho que qualquer mediocre que passasse pela depressão mais forte, iria aceitar todos os tratamentos possiveis para aliviar a dor.
Afinal eu sei como é sentir dor sem doer no corpo.

farmacéptica disse...

Isso mesmo!!!
;o)