Saiu o resultado do Nobel de medicina desse ano. Cá pra nós, deveria ser de ciências biológicas. Os caras fazem sim é bioquímica. Mas, como diz meu ex-orientador, ou tudo no mundo é bioquímica ou a bioquímica não existe mais. Ele diz isso por que, dê-se o nome que quiser à área do pesquisador de coisas da saúde, fisiologia, farmacologia, imunologia... tudo é técnica de bioquímica e biologia molecular.
Mas, deixemos essa discussão pra lá e vamos entender o que os caras descobriram.
Em toda divisão celular há replicação do material genético. Há uma taxa de erros em todas as cópias. Faz parte do sistema. imagine quantas divisões todas as nossas células fazem ao longo da nossa vida? O suficiente pra gente morrer um dia por conta de tantos defeitos. Até aí, nada de genial.
O caso é que o pessoal sabia que havia um pedaço dos cromossomos chamado telômero. Os telômeros ficam nas extremidades dos cromossomos e eles são uma sequência de bases (as famosas ATCG que todo mundo um dia viu no cursinho) que não codificavam nada. Ou seja, não tinham nenhuma função aparente. Como muitas coisas típicas dos seres humanos, o que não se entende, não serve pra nada. Mas, nossos laureados desse ano descobriram que esse telômeros quando alterados faziam acontecer coisas muito interessantes.
Uma técnica muito comum da biologia molecular é brincar de fazer sumir. "Pra que serve esse gene?", "Não sei", "Então arranca ele daí e vê o que acontece!". E os caras foram lá e fizeram uns ratinhos mutantes e diminuíram bastante o comprimento dos telômeros. Qual foi o resultado? Nenhum!!! De cara, não viram nada de diferente nos ratinhos, nem em nada dentro ou no metabolismo. "Que droga!", bradaram nossos heróis. Mas qual não foi a surpresa quando, após bem pouco depois de iniciados os testes pra se descobrir o que havia de errado nos ratinhos, os caras se ligaram que eles estavam meio estranhos. Foram fuçar e viram que eles apresentavam sinais de envelhecimento precoce!!!
Pois, de achar que de fato os telômeros não têm função, eles passaram a ver que os telômeros tinham papel fundamental no processo de envelhecimento celular uma vez que a degradação celular aumentava horrores sem os telômeros.
Próximo experimento, encompridar os telômeros. Resultado: os ratos viviam mais.
Claro que não é só isso. A coisa é bem mais complicada que isso. Há muitos outros fatores que controlam o envelhecimento como radicais livres, fatores ambientais, milhares de outros genes possíveis; mas um só elemento genético que tivesse efeito tão pronunciado assim, de fato era uma grande novidade. Mas sempre vale o reforço: esse é UM dos elementos que afetam o envelhecimento. E jamais poderemos dizer que só isso é um controlador. Mas que ele tem efeito direto, inegável e pronunciado, disso não resta dúvida. Daí o merecido prêmio.
Ah, em tempo, uma má notícia pra quem não quer envelhecer: não dá pra encompridar telômeros.
Mas, deixemos essa discussão pra lá e vamos entender o que os caras descobriram.
Em toda divisão celular há replicação do material genético. Há uma taxa de erros em todas as cópias. Faz parte do sistema. imagine quantas divisões todas as nossas células fazem ao longo da nossa vida? O suficiente pra gente morrer um dia por conta de tantos defeitos. Até aí, nada de genial.
O caso é que o pessoal sabia que havia um pedaço dos cromossomos chamado telômero. Os telômeros ficam nas extremidades dos cromossomos e eles são uma sequência de bases (as famosas ATCG que todo mundo um dia viu no cursinho) que não codificavam nada. Ou seja, não tinham nenhuma função aparente. Como muitas coisas típicas dos seres humanos, o que não se entende, não serve pra nada. Mas, nossos laureados desse ano descobriram que esse telômeros quando alterados faziam acontecer coisas muito interessantes.
Uma técnica muito comum da biologia molecular é brincar de fazer sumir. "Pra que serve esse gene?", "Não sei", "Então arranca ele daí e vê o que acontece!". E os caras foram lá e fizeram uns ratinhos mutantes e diminuíram bastante o comprimento dos telômeros. Qual foi o resultado? Nenhum!!! De cara, não viram nada de diferente nos ratinhos, nem em nada dentro ou no metabolismo. "Que droga!", bradaram nossos heróis. Mas qual não foi a surpresa quando, após bem pouco depois de iniciados os testes pra se descobrir o que havia de errado nos ratinhos, os caras se ligaram que eles estavam meio estranhos. Foram fuçar e viram que eles apresentavam sinais de envelhecimento precoce!!!
Pois, de achar que de fato os telômeros não têm função, eles passaram a ver que os telômeros tinham papel fundamental no processo de envelhecimento celular uma vez que a degradação celular aumentava horrores sem os telômeros.
Próximo experimento, encompridar os telômeros. Resultado: os ratos viviam mais.
Claro que não é só isso. A coisa é bem mais complicada que isso. Há muitos outros fatores que controlam o envelhecimento como radicais livres, fatores ambientais, milhares de outros genes possíveis; mas um só elemento genético que tivesse efeito tão pronunciado assim, de fato era uma grande novidade. Mas sempre vale o reforço: esse é UM dos elementos que afetam o envelhecimento. E jamais poderemos dizer que só isso é um controlador. Mas que ele tem efeito direto, inegável e pronunciado, disso não resta dúvida. Daí o merecido prêmio.
Ah, em tempo, uma má notícia pra quem não quer envelhecer: não dá pra encompridar telômeros.
5 comentários:
Não dá pra encompridar os telômeros?
Mas então como "os ratos vivIAM mais"... o verbo não está no subjuntivo.
Viviam mais por que, como disse, eles sofreram manipulação genética. E, se lembrarmos das aulinhas de genética e biomol, sabemos que não dá pra fazer manipulação genética em célula somática - teoricamente com terapia gênica (o que ainda dá mais errado do que certo). Se sua célula somática mutar, é câncer. Nesse caso, os ratinhos foram "engenheirados", como se diz no jargão da biomol.
Ah! Caiu a ficha... Trocando em miúdos: não dá, porque eu já nasci.
Basicamente é isso... quem sabe se vc pagar algumas dezenas de milhares de dólares pra uma companhia da Ucrânia eles não providenciam um filho telomerudo pra vc!!!
No, thanks...
Não vejo muita vantagem nisso... a cabeça amadurecendo e vc com o mesmo rostinho dos seus 15 anos (ou menos)...
Mas o estudo em questão pode trazer, suponho eu, algum avanço no entendimento e/ou tratamento de doenças crônico degenerativas ou câncer, p.e. Isso sim interessa!
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