Quando era conveniente diminuir a poluição, biocombustíveis entraram na moda. Quando até a comida deles começa a ficar (muito) mais cara, aí a coisa muda de figura. Mais uma ilustração bem didática de que o certo e o errado, o bom e o necessário, o adequado e o possível, quando envolvidos com dinheiro, política e poder, sempre estão ao sabor das conveniências. Resumindo: quem pode mais, chora menos. Até outro dia, biodiesel era a salvação da lavoura. Agora, parece ser a condenação... que ironia...
Relator da ONU diz que biocombustíveis são um crime contra a humanidade
BERLIM, 14 Abr 2008 (AFP) - A produção em massa de biocombustíveis representa um crime contra a humanidade por seu impacto nos preços mundiais dos alimentos, declarou nesta segunda-feira o relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler, em entrevista a uma rádio alemã.Os críticos dessa tecnologia argumentam que o uso de terras férteis para cultivos destinados a fabricar biocombustíveis reduz as superfícies destinadas aos alimentos e contribui para o aumento dos preços dos mantimentos.
Ziegler pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que mude suas políticas sobre os subsídios agrícolas e deixe de apoiar apenas programas destinados à redução da dívida. Para ele, a agricultura também deve ser subsidiada em regiões onde se garanta a sobrevivência das populações locais.O ministro das Relações Exteriores alemão, Peer Steinbrueck, deu seu apoio ao apelo feito pelo FMI e o Banco Mundial neste fim de semana para responder à crise gerada pelo aumento de preços dos alimentos, que está gerando violência e instabilidade política em inúmeros países.(...)"Em um mundo em que vai ser necessário produzir mais e melhor para alimentar nove bilhões de habitantes, há necessidade dos esforços de todos e também da Europa", afirmou o ministro francês da Agricultura, Michel Barnier"
Como eles são bonzinhos... inclusive eles sabem que se faltar comida no terceiro, os pobres vão bater na porta deles pedindo ajuda. Note que a matéria não está em Ciência, mas em economia, hehe.
A matéria completa QUE VALE A PENA SER LIDA está no link
http://economia.uol.com.br/ultnot/afp/2008/04/14/ult35u59228.jhtm
15 comentários:
Erik, vou parar de ler seu blog.
Cada vez que leio essas matérias eu fico irritada em pensar o quanto os mais poderosos se aproveitam da mídia para impor o que é conveniente pra eles.
E se morresse na mídia...
Mas não.
Tem aquelas fofoquinhas que começaram num fim de mundo e ficam passeando pela boca do povo. A massa quase que ignorante acredita em tudo o que ve, que ouve, e aí repassam a história com pontos, vírgulas, acentos e algumas, quase que imperceptíveis, palavras a mais.
O problema é que a história de aquecimento global tb é coisa da mídia e de poderosos. O problema no final é: alguém está falando a verdade?
É...
Que mundo triste que vivemos...
Pelo visto nós temos duas ótimas opções...
Morremos de calor... ou...
morremos de fome.
Numa coisa todos concordam!
Iremos morrer. Precisaram de muita ciência pra isso, não?
A concorrencia do dos produtos africanos com os alimentos subsidiados europeus é desleal, a idéia não é tão absurda assim. Mas falar que o biocombustível faz a África passar fome é palhaçada! Na parte da reportagem em que se diz "vai ser necessario produzir MAIS e melhor" faltou a questão da distribuição! Não adianta nada produzir mais se o alimento fica concentrado em meia-dúzia de países. Dessa forma, a África continuará passando fome.
Mas tem uma coisa.
Que falta comida falta, mas onde é que é o problema.
Nós (o planeta) produzimos alimentos para todo o globo, e com folga. Mas a distribuição e comercialização desses alimentos fica restrita à quem consegui interagir (em pé de DESIGUALDADE) com os países que dominam e predominam no comércio/relações internacionais. E cá entre nós, eles estão preocupados com o bem da humanidade, com a fome dos sobreviventes do Aparthaid, com o futuro da humanidade...
Mas estão se descabelando com o nosso futuro financeiro, que será (se bem administrado)muito promissor.
Eles guardam bombas atômicas pra pulverizar o planeta mil vezes e nós, com nosso biocombustível, vamos provocar o caos?
Ha ha ha !
Recomendo que vcs leiam os Malvados... ele dá uma preparada para que leiam Nietzsche. A maior parte vai detestar. Eu amo. E acho que o cara tem a sacada. Tem um link aí do lado pro site dos malvados. Leiam sem moderação. Nesse mundo, a hipocrisia reina!!! Mas quem aí tem coragem de sempre falar a verdade?
Recomendo que vcs leiam os Malvados... ele dá uma preparada para que leiam Nietzsche. A maior parte vai detestar. Eu amo. E acho que o cara tem a sacada. Tem um link aí do lado pro site dos malvados. Leiam sem moderação. Nesse mundo, a hipocrisia reina!!! Mas quem aí tem coragem de sempre falar a verdade?
É preciso tomar cuidado ao falar, sempre, verdade ou não. Por que nós(humanóides retrógrados), na contra-mão da ciência, ainda "queimamos na fogueira" todos os que discordam da gente. Ninguém ou a maioria, pra não exagerar, quer se dar ao trabalho de considerar o ponto de vista do outro. Considerar, que não quer dizer concordar. Considerar, pensar porque o outro pensa desta ou daquela forma; e respeitar o direito das opiniões diferentes.
Como diria Sartre: "O inferno são os outros".
E eu já estou sentindo um cheiro de enxofre.
Respeito é uma palavra que quer dizer um monte de coisa, e justamente por isso, não quer dizer nada. Ouvimos o outro e deixamos que ele faça o que quiser? Esperamos que o outro nos ouça e nos deixe em paz? Sendo assim, estabelecemos ilhas de "outros" e "nós", cada uma com os seus convivas, acreditando na sua verdade? Ou, no limite, cada uma dessas ilhas é um indivíduo, com pequenos pontos de intersecção com as ilhas dos outros, e ainda por cima alienando ao dizer que o inferno são os outros, e nunca nós mesmos. É verdade: o inferno são os outros. Mas só pra quem não tem crítica.
O inferno são os outros e por isso mesmo somos nós mesmos. Cada um de nós se constrói a partir dos outros, nossa visão de mundo, nosso comportamento, nossa auto-imagem, tudo em nós existe da nossa relação com o outro. Entendo que respeitar o outro não é deixar cada um com sua verdade, no seu gueto; mas perceber que UMA verdade não é a ÚNICA verdade, e o respeito entra no direito de cada um se expressar sem ser agredido(obviamente que isso não existe na prática e nem dá sinal que de vai existir). É bem mais do que um monte de coisa ou um monte de nada, que ficam bem nos discursos de quem "assiste a tudo em cima do muro". O inferno são os outros... sim ... os outros quem vivem dentro de nós. Quanto mais crítica é uma pessoa e principalmente quanto mais auto-crítica, tanto maior o seu inferno.
Seu inferno de ver que o outro é de fato um inferno não é alienação? Pessoalmente eu acho o outro um saco. São raros os outros que me comprazem ou que me fazem achar que vale a pena. Então os outros, que não são esses, de fato fazem muito do que sou. E estimulam minha crítica. E estimulam meu "ver melhor". Agora os outroa que não são esses, me aborrecem profundamente. Por que não são os que me fizeram. São os que me irritam. Me irritam por que não foi a partir deles que fiz minha auto-imagem. Por que não me pautei pelo referencial deles. E por que se vc quiser algo mais, tem que balizar mais pra cima. O inferno são os outros... e quanto mais pra cima vc se referencia, mais povoado é o inferno.
Eu acho que os outros pelos quais nos irritamos também constroem nossa auto-imagem, não porque nos igualamos a eles, mas porque na medida em que nos vemos diferentes, em nos nos vemos na oposição, tanto mais reforçamos a imagem daquilo que somos ou sentimos ser; e, é claro, quanto menor a identificação com o referencial desses outros que são um saco, mais povoado é o inferno. Agora qual a diferença de dizer que os outros são um saco ou dizer que o inferno são os outros? Não será a mesma alienação? Sartre era um alienado?
PS: eu não disse que todos os outros são um inferno.
Nem, nem outro, nem outro. O problema é a forma como usamos a alienação e a frase do Sartre. Pra ser honesto, já conversei com amigos psicólogos, filósofos e antropólogos pra extrair o máximo da frase. Mas nunca chego a um único lugar com ela - sempre são muitos lugares. Me preocupa o "One Size Fits All" que ela pode carregar fora de contexto. Assim como compreendo o que fica fora de contexto com o "respeito".
E, tentando responder, Sartre não era um alienado, mas ele estava num contexto e vinha de uma escola que coloca ele numa posição com relação à sua obra, o que coloca de volta o rigor que se perde nas afirmações soltas. Pessoalmente, prefiro pinçar elementos a vestir uma camisa. Ainda que isso seja vestir uma camisa, certo?
Neste ponto eu devo concordar. Também prefiro pinçar elementos do que vestir uma camisa. Acho que quando vestimos uma camisa vemos as coisas dentro desta "camisa de força" e isso pode acabar embotando a visão; mas quando pegamos alguns elementos acrescentamos coisas ao invés de nos prendermos a elas.
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