Os cientistas, professores, técnicos, inclusive os comuns, todos têm uma paranóia por ouvir a opinião de um especialista. Afinal de contas, o especialista sabe muito de um dado assunto, e dele deve surgir a opinião mais relevante sobre esse assunto. Mas, ultimamente tenho me queixado de um fato inegável e infeliz: decidi ser especialista numa coisa que todo mundo se acha especialista, dar aulas.
Trabalho com pesquisa em ensino de ciências, dentre outras coisas. E quanto mais estudo, mais vejo que ensinar, estruturar cursos e aulas, e toda a preparação pedagógica, não é simplesmente saber montar bons slides e falar bem na frente de pessoas. Na verdade, qualquer elemento componente de uma aula deve ser milimetricamente pensado e planejado para que as coisas dêem certo. Mas sabemos que a coisa não funciona assim. Para a maioria, basta ter um conteúdo aprofundado, uma boa sequência (que os livros se encarregam de oferecer), e sentar o pau nos alunos - afinal de contas, não se deve dar moleza pra aluno. Essa visão é a coisa mais retrógrada, ultrapassada e medieval possível, na medida em que coloca no centro da questão o conteúdo, e não o aluno. Só que a informação muda ao longo do tempo. E o aluno deve ser ensinado a como lidar com a velocidade dessas mudanças.
Cá estava eu lendo essa notícia (neste link aqui) e me pus a pensar na infelicidade dos nossos alunos quando entram no ensino superior. Eles se deparam com a estrutura mais careta, reacionária e engessada possível - aquela mantida arduamentre pelos dinossauros. Não vou me estender muito na crítica, pois ela não é meu foco. Meu foco é mostrar a alternativa. E mostro duas. A primeira, dividida em duas partes, de Sir Ken Robinson, em duas palestras divertidas e contundentes no bom e velho TED. A segunda, num videozinho curto produzido por alunos de uma turma de sociologia da Kansas State University - coisa primorosa e avassaladora sobre a mentalidade medieval da universidade atualmente. TED com legendas, o outro, apesar de ser em inglês, não requer grande domínio da língua. Ambos valem muito a pena. E ambos mostram muito bem por que a coisa vai mal.