terça-feira, 31 de agosto de 2010

Reabilitação

Um grupo suíço está planejando reabilitar algumas drogas psicodélicas para o tratamento de certas moléstias psiquiátricas (link aqui). Estava demorando, mas a literatura especializada vinha dando indicações disso há algum tempo. É digno de nota também que, uma parte dos estudos desse tipo caíram em desgraça por conta da hipocrisia dos puritanos - que se recusavam a admitir que se usassem 'drogas' para doenças psiquiátricas. E outra parte caiu em desgraça por que os dados não eram claros ou os experimentos tinham falhas importantes.

Esse cenário experimental mudou bastante. O conhecimento das doenças psiquiátricas avançou demais, e a compreensão do sistema nervoso central como um todo também avançou bastante. O enrosco é que a mentalidade puritana e hipócrita não mudou. Assim, esses suíços vão ter que rebolar pra conseguir as aprovações necessárias pra conduzir os experimentos, e também terão que mostrar dados muito convincentes pra que as pesquisas possam continuar.

Como esses caras não dão ponto sem nó, é bem capaz que em breve tenhamos novidades para o tratamento de depressão e esquizofrenia - o que seriam passos enormes no tratamento dessas moléstias. E que certamente ajudarão a tapar a boca dos hipócritas.

domingo, 22 de agosto de 2010

Filmes

Como prometi na aula, e depois do grande interesse demonstrado sobre o assunto, aí vai uma listinha de filmes em que se pode ver o que acontece no uso de certas drogas - com bastante precisão farmacológica e psicológica, eu diria. Então, vamos do começo.

Absolutamente obrigatório é "Fear and Loathing in Las Vegas", em português, "Medo e Delírio", com dois irreconhecíveis e impagáveis Johnny Depp e Benicio Del Toro. Tem um trailer aqui. Tem de tudo, de todo jeito e com todas as nuances possíveis. É um filme meio doido, em que se precisa entender um pouco do contexto histórico de quando ele se passa, e sobre quem foi o autor do livro que deu origem ao filme (Hunter S. Thompson). Difícil de se encontrar por aí pra alugar, mas com certeza absoluta, vale MUITO a pena, principalmente por ser uma obra de contexto cultural, pesadamente crítico e ideológico: o cara mete o pau em tudo o que consegue, principalmente na hipocrisia. 

Pra entender um pouquinho da cultura desse período, vale a pena ver o documentário sobre Woodstock. Onde se conta a história do festival que mudou a concepção de organização de eventos de música e o papel da música na cultura - e muita música da época, que, pra quem gosta, é um prato cheio.

Depois desse, tem algo mais sombrio, mas não menos espetacular, chamado "Trainspotting", que mostra um mundo muito cruel dos usuários de heroína. Trágico, pirado, insano e complicado. Tem um trailer (em inglês) aqui. A questão das drogas é um pano de fundo, mas obviamente as críticas ali são muito ásperas e vale a pena seu tempo.

Por fim, já que eu acho que é muita informação de uma vez só, um filme que conta a história da cocaína nos EUA, como se popularizou, como alcançou níveis de uso tão estratosféricos e, de certa forma, por que é tão persistente. De novo com nosso amigo Johnny Depp, chama-se "Blow", em português, "Profissão de Risco". Sem falso moralismo, tente entender por que a coisa deu tão certo. É bastante elucidativo.

Por enquanto é isso. Conforme forem aparecendo notícias, eu posto mais alguns.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quando vão mudar esse papo?

Eis aqui nesse link uma discussão sobre o uso de drogas. Muito superficial, diga-se de passagem, mas bem típica do que ronda a cabeça do pessoal que trata disso. Como costumo dizer, sempre flerto com a apologia pelas minhas idéias ditas tortas. Eu prefiro chamar de não convencionais. E tenho motivos. 

Tenho motivos por conhecer a literatura e, principalmente, pessoas que usaram drogas de todo tipo e com variados graus de intensidade, frequência e, sobretudo, consequências. E digo: uma parte importante dos motivos pras drogas serem tão persistentes ao longo de gerações são pontos de vista ultrapassados como este que está no link. E que, como eu já disse, reflete a mentalidade vigente - que pra mim, é o principal problema das drogas de longe. Mas não vou muito longe. Fica pros comentários as críticas mais acêrbas.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Da série Redescobrindo a roda - parte N

As ações das empresas de álcool gel vão cair. Podem descartar seus estoques do dito cujo e voltar aos velhos hábitos por aí, pois os gênios do pânico se tocaram e resolveram acabar com a gripe suína. Estupendo, não?

Agora vão dizer que a coisa foi controlada pelos esforços estóicos dos valorosos dirigentes, que impuseram as diretrizes para controlar essa terrível chaga que se abateu sobre a humanidade,... e todo o trololó associado.

Fato é que a coisa rendeu os tubos de grana pras empresas de vacinas, antivirais, noticiários e toda a merdalheira da qual nos referimos anteriormente por aqui.

Algo digno de nota? Absolutamente não. Na verdade, os caras não conseguiam mais manter o status do pânico com os números sub-pífios que andaram aparecendo. OBVIAMENTE, graças aos esforços estóicos...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Não poderia ser diferente

Uma notícia interessante pra nossa área saiu há uns dias, nesse link aqui. Um pessoal publicou na Nature que temos grande similaridade genética com, vejam vocês, as esponjas! Antes que o veneno escorra do canto da boca, e se pense que, SIM, temos alguns coleguinhas que estão mais próximos destes animais do que dos primatas, quero dizer que não me surpreende nem um pouco essa descoberta. E digo que não é por isso.

Vamos pensar do que somos feitos: membranas, proteínas, hormônios e material genético. Comemos outros bichos e plantas, portanto, utilizamos os substratos parecidos pra obtenção de energia; temos o mesmo tipo de material genético, e os mecanismos de transmissão de informação genética também são parecidos (já que somos eucariotos). Mas, acima de tudo, já que Darwin está certo, nós nos originamos desses animais - e esses de outros anteriores. 

O fato é que, como evoluímos de outros seres, não é nada espantoso que tenhamos similaridades genéticas com eles. Afinal de contas, o que deu certo na natureza vai ficando. O que não deu certo, sofreu seleção natural. Afinal de contas, esses bichos são alguns dos primeiros animais pluricelulares - e ainda estão por aí na natureza, prova cabal do sucesso adaptativo desses organismos. Não caiam na armadilha de pensar que, por termos aparatos biológicos mais complexos, somos mais bem-sucedidos que eles. Não. Estamos há muito pouco tempo sobre a Terra. E esses bichos já passaram pelo diabo. E ainda estão aí. Isso sim é sucesso adaptativo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Fim da folga... e uma mexida na bagaça

O primeiro semestre passou, e com ele, muitas histórias, dramas e complicações. A coisa voltou aos eixos na vida deste que vos escreve, e assim, pensando nos tempos vindouros, uma mexida nessa bagaça aqui viria bem a calhar (pelo menos pra mim).

O blog andava morto. Também pudera: férias, ocupações outras (mais importantes), e uma puta falta de idéias decentes. È finito... como diriam os italianos.

Agora as coisas tendem a recuperar sua devida acidez. O semestre recomeça, e junto com ele, disciplinas obrigatórias heavy metal, monitorias de disciplinas enormes, caminhões de provas pra corrigir, dados pra coletar, relatórios pra fazer e a participação obrigatória em alguns seminários de departamento. Esse último merece um adendo.

Somos obrigados a assistir à palestra de algum cientista renomado numa certa área do conhecimento (no nosso caso, da bioquímica). Até aí, seria ótimo se a coisa, via de regra, não se transformasse numa chatice infinita - geralmente de coisas que não entendemos lhufas. Daí, confesso: os melhores textos que já produzi foram nesses malditos seminários. Minha raiva se transmuta nas críticas que sempre teci à ciência e aos cientistas - e jamais deixarei de fazê-las. E temos assunto pro blog.

Então, nada como dar uma arejada no ambiente, brincar com o layout do boteco, abrir as janelas, tirar o cheiro de naftalina e colocar algumas ferramentinhas novas. Enfim, tanto nós que escrevemos, como nossa meia dúzia de fanáticos e assíduos leitores, vão se acostumar com tudo isso com o tempo. E, se os ventos soprarem pro lado certo, em breve poderemos ter uma expansão no público que frequenta essas mal-escritas linhas.

Já enrolei demais. Postagem nova dentro de poucos dias.