sexta-feira, 29 de maio de 2009

Não sei do que se trata

Alguém aí já ouviu falar em direitos humanos? Clicando aqui é possível acessar o texto original da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A leitura traz a impressão de que, ou não somos humanos, ou é pra outro tipo de humano. Tenho visto muito pouco disso por aí.

Um pessoal da Anistia Internacional fez um estudo interessante, mostrando qual impressão tem o cidadão comum, como eu e você, dos Direitos Humanos no Brasil. A peça está aqui. E coloca em números o óbvio: isso não é coisa pro nosso bico. Mas sim, pra outro bico. E explicam-se algumas coisas que vemos no nosso cotidiano infeliz.

Numa ponta, os que não têm mesmo acesso ao Estado e aos direitos humanos sobrevivem. Na outra ponta, os ricos, que não são mesmo desse planeta. No meio, a "Bolha" resmungante cultivada pela classe média, que não está em outro planeta, mas não quer se ver na ponta de baixo.

Ignorância? Ausência do Estado? Aceitação excessiva? O que explicaria isso?

4 comentários:

Anônimo disse...

A Declaração Universal dos Direitos Humanos... alguém e/ou algum lugar já conseguiu o feito de aplicar TODA a declaração, em todos os seus pormenores, e seguí-la à risca?!

Algum Humano por aí poderia aplacar minha ignorância céptica... farmacéptica?

E a "bolha", bem dizem que... heheh... "o que os olhos não vêem o coração não sente"...
Mas... às vezes acontece de algum olho ser pego desprevenido e acabar sentindo!!!

Acredito que nosso 1º problema, por aqui, é definir o que é Ser Humano e quem tem direito a pertencer a esta classificação. Parece absurdo, o que acabo de dizer, mas quantas vezes não ouvimos que "direitos humanos não são pra bandido"?

Loraine disse...

Tem que ter sangue frio para considerar os direitos do bandido. Eu não sou capaz de pensar "poxa, ele matou uma criancinha, mas não pode morrer apertado num cubículo com outros 30 caras!"
Quem sabe um dia eu chego lá...

Anônimo disse...

Também não acho que tenha chegado lá, mas também é preciso sangue frio pra não considerar estes direitos.
E os tons de cinza?

Nem todo bandido matou criancinha, nem todo bandido é estuprador, sequestrador; nem todo bandido é irrecuperável, mas passa a ser se fica numa cela com outros 30 caras, bandidos "profissionais". E nessa, a gente aumenta bastante o potencial criminoso desses caras e deixa eles saírem da cadeia (legalmente) com os indultos de natal.

Alqumas questões me vieram à cabeça:

Se uma pessoa é um ser humano até cometer um crime, passa a ser um animal quando vira bandido?
Se é um animal, é irracional, certo?
Neste caso, a qual tratamento devemos submetê-la?
Não nos esqueçamos que até os animais ganharam seus direitos.
E aí, como é que fica?

montagna disse...

Eu sempre me meti em grandes apuros quando resolvi falar de direitos humanos com um amigo advogado e um filósofo. E sempre nos metemos em encrencas com isso por que nossos pressupostos são diferentes quando compreendemos o que significa "direitos", "humanos", e de onde se tirou tudo isso.
No Brasil estamos muito pouco habituados a respeitar leis, ordens, plaquinhas, avisos, datas, agenda etc... assim, nossa compreensão sobre conceitos e como se portar diante de conceitos é muito vaga, imprecisa e falha.
De fato, o post visava levantar mais sobre nossa ignorância do que necessariamente sobre qual deve ser o papel dos DH.
É verdade, L., é difícil ficar impassivel diante de certas coisas hediondas que vemos. Por outro lado, voltamos à Lei de Talião? Como nos portamos diante de penas brandas? O que seriam uma pena branda e uma dura? Punição e Sofrimento são intercambiáveis, são a mesma coisa, são sobrepostos? Não consigo explicar nada disso que estou perguntando, mas sei que nossa visão é bastante prosaica. O que não a invalida. Mas nos requer mais. Bem mais do que temos cá pro nosso uso.