quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Descobriram a Pólvora - 2a temporada

Quando insisto que decisões científicas devem ser baseadas em dados, não o faço a toa. Igualmente quando insisto que devemos separar ideais religiosos e políticos de decisões técnicas, o faço por entender que os dados, quando claros, resolvem problemas técnicos.

Esse caso aqui ilustra maravilhosamente bem como é tratar um assunto de saúde pública como assunto de saúde pública e não religioso ou político.

Podem me excomungar à vontade, não vai mudar em nada minha vida. Mas pode - e com ceretza vai - mudar a vida de muita gente, e pra melhor.

Aliás, não são esses que excomungam os primeiros a dizer que há livre-arbítrio? Pois me deixem com o meu.

4 comentários:

Anônimo disse...

É... concordo. Tratar o problema de abandono/aborto como saúde pública é sim bem eficaz.
"Durante a entrevista obrigatória antes da IVG, as mulheres são informadas sobre outras opções possíveis: manter a criança ou entregá-la à adoção. Cerca de metade delas desistiram do aborto."

É extremamente importante dar auxílio e informação às pessoas. Isso também resolve, resolveu, e sempre resolverá problemas.

Mas, isso (lei do aborto) pode trazer à tona outro problema. Algumas pessoas se preocupam mais com o engravidar ou não, do que com DSTs (veja bem, algumas). Talvez isso traga um aumento na porcentagem de doenças sexualmente transmissíveis, por que uma vez que não há gravidez, o resto não importa muito, ou talvez nem saibam...

Anônimo disse...

Será que podemos fazer uma relação direta entre a lei que permite o aborto e o aumento da incidência das DSTs?

Isso faz lembrar a "promoção, proteção e recuperação da saúde", tão presente nas aulas de Sociedade. "Promoção da saúde" pode ser o caminho para que o possível aumento da incidência das DSTs em decorrência da legalização do aborto, e mesmo o aborto, seja evitado.

Quando vi essa citação do filósofo John Stuart Mill que finaliza a reportagem de capa da Época de 16 fev 2009 não tirei mais da cabeça:
"Sobre si e sobre o próprio corpo, o indivíduo é soberano".

Isso é livre-arbítrio (tão proclamado pelos excomungadores)!!!

Anônimo disse...

Não acho que sejam tão poucas as pessoas que se preocupam mais com gravidez do que com dst. Há um dado do ano passado que até gerou uma campanha do governo alertando para o aumento do número de casos de AIDS entre mulheres com mais de 50 anos. Isso é alarmante!
Por outro lado, penso que nesse caso, legalizar o aborto é um avanço que trará (potencialmente) outras consequencias pra saúde pública. Mas legalizar não é só dar uma canetada e ponto final. Deve haver uma ampla campanha de esclarecimento, inclusive esse esclarecimento fazendo parte da preparação para o procedimento.
Já ouvi dizer que isso será uma liberação pra gravidez inconsequente e se deixará de usar métodos contraceptivos. Não penso assim pois os dados em outros países mostrou o contrário. Como sempre, a desculpa era de ser na Holanda, Suécia ou Dinamarca. Agora com o México, o negócio é acompanhar de perto.

Anônimo disse...

Se campanhas de esclarecimentos forem realizadas isso não será uma "liberação pra gravidez".

Embora pareça simples... Já se imaginaram nessa situação: levar a diante uma gravidez não planejada; numa hora em que não há condições para tal (sejam elas quais forem)ou fazer aborto e enfrentar todas as complicações pessoais (emocionais, psicológicas, morais, religiosas, ideológicas...) e sociais que isso irá trazer?!
Não é o tipo de coisa que dá pra fazer toda hora. Ninguém quer estar numa situação como esta.

Nem a "pílula do dia seguinte". Os do contra perdem tempo tentando convencer que ela provoca um aborto. Ao invés de dificultar o seu uso, o que precisa é esclarecer a desordem que ela causa no organismo.

E o aumento da AIDS nas mulheres acima dos 50... Não era de se esperar uma coisa dessas! Já que as pessoas com essa idade pegaram a época do aparecimento da aids, não?