terça-feira, 3 de junho de 2008

Destrinchando

Venho recebendo alguns emails pedindo alguns guias sobre Nietzsche. Sou fã confesso de sua obra e inevitavelmente acabo deixando escapar umas idéias aqui e ali.

É um filósofo difícil. Sua linguagem não é trivial e ele recorria ao uso de aforismos, que ajudava a complicar ainda mais a compreensão de seus textos. A forma e a linguagem eram muito importantes, e pelo caráter polêmico de seus escritos, não deixou de granjear antipatia e/ou a apropriação indevida de muitas de suas idéias.

Sua obra não pode ser (bem) compreendida de forma fragmentada. Ela é curta, mas extremamente densa. Não dá pra se aventurar a ler seus livros sem boas análises de comentadores pra situar e muitas vezes contextualizar o texto.

Boas traduções são raras no Brasil. Pra quem tiver um pouco mais de recursos, sempre valem as edições da Companhia das Letras.

Enquanto isso, a página sobre o filósofo na wikipedia está razoável. Lá há um link para o GEN, Grupo de Estudos Nietzsche, da USP. O pessoal é realmente competente e vale uma fuçada.

Por enquanto, deixamos mais um trecho. Dos meus prediletos.

"Quando os oprimidos, espezinhados, violentados, dizem a si mesmos, movidos pela vingativa astúcia da impotência: 'Sejamos diferentes dos maus, sejamos, precisamente, bons! E bom é todo aquele que não violenta nem fere ninguém, que não agride, que não se desagrava, que deixa a vingança a Deus, aquele que, como nós, se mantém escondido, se desvia de todo o mal e pouco pedeà vida, tal como nós, os pacientes, os humildes, os justos' - isto se ouvido de modo frio e sem prevenções, não significa outra coisa senão: 'O fato é que nós, os fracos, somos fracos; é bom que não façamos nada daquilo para o que não somos suficientemente fortes.'"

Um comentário:

Anônimo disse...

... porque sempre aparece alguém forte o suficiente para fazer aquilo que nós, os fracos, não somos capazes de fazer. Sempre aparece alguém para se cansar por nós, para dar a cara a tapa e dizer e fazer aquilo que nós, fracos e acomodados, não queremos ousar e arriscar...
É mais confortável ser o bondoso, o que está sempre de bem com todos porque não tem coragem de dizer o que precisa ser dito. É melhor não dizer e não agir para não ter de correr o risco de ser injusto ou errar.