quarta-feira, 7 de março de 2012

Formalizando impressões

Hoje saiu uma notícia que não é novidade pra nenhum professor de nível superior: os alunos não sabem matemática. Quer dizer, segundo os dados (nesse link aqui), 60% dos alunos. Do meu ponto de vista, esse é um dado até modesto e subestimado.

Aliás, os alunos não sabem um monte de coisas quando saem do ensino médio, mas matemática é crítico, pois envolve tanto o domínio das lógicas, como o domínio de uma linguagem simbólica específica. Isso é fundamental para o aprendizado de ciências, por exemplo. 

Mas o dado não é novo. Há uns bons anos (décadas, talvez), um pessoal da USP mostrou que o aluno que passava na FUVEST era aquele que ia bem em Matemática e Língua Portuguesa, e que o desempenho nas outras matérias não era determinante. Ora, isso faz todo sentido. Se o sujeito sabe matemática, então física e química também estão sob controle, já que envolvem linguagens simbólicas específicas e lógica; e se o sujeito sabe língua portuguesa, então ele consegue entender tudo de geografia, história e redação. 

Resumo da brincadeira: a bolha que veio surgindo na degradação do ensino fundamental está estourando no ensino superior. E isso não é de agora. Onde se vai parar? Sei que verei o resultado disso... aliás, já vejo.

2 comentários:

Natália disse...

Onde vai parar? Boa pergunta.
A crescente deficiência no ensino como um todo passou a ser comum, e as pessoas lidam como se não houvesse o que fazer. Isso envolve vários fatores, como o próprio ensino e os alunos. Estudar passou a ser chato. Uma pena. Se houvesse um esforço de todas as partes envolvidas, quem sabe o destino final não fosse, ou estivesse sendo tão alarmante!

Obs.: Estou muito contente com a volta do blog!

Anônimo disse...

Durante a minha vida escolar estudei em colégio público e em particular, então posso criticar os dois lados.

Tirando toda a problemática de profissionais mal pagos, alunos vindos de contextos sócio-econômicos complicados, falta de infra-estrutura e recursos para as escolas públicas, existe um ponto que é, muitas vezes, comum tanto a escolas públicas quanto a particulares: o professor.

Se a escola é diferente e, claro, os alunos são diferentes, o professor é o mesmo, porque trabalha tanto em escolas públicas como em privadas de maneira a complementar sua renda.

Então, o cara ser professor sem ter vocação ou porque não teve competência pra fazer mais nada, na minha opinião de estudante e aspirante à profissão é onde nascem todos os problemas da ignorância dos alunos.
Quantos de nós tiveram professores lembrados por suas aulas empolgantes?
Quantos tiveram aula com professores tão bons que quase trocaram de carreira?

O problema é que as pessoas que vão ser professores nas escolas (e, também, nas universidades!!!) não têm consciência do tamanho do poder que tem de mudar esse trajeto cujo fim nós bem sabemos.

E quando tem, já estão tão esmagadas pela conjuntura do sistema que nem tem mais motivação pra nada.

A gente escuta sempre mais do mesmo:
Diz o professor da 5ª série:"vocês não aprenderam nada no fundamental!!!"
Diz o do 1º do Médio: "vocês não aprenderam nada..."
Diz o professor da universidade: "como vocês passaram no vestibular!?!"
Depois do Enade: "o que vocês apreenderam na universidade?!"

Eu pergunto: E você, professor, o que você tem feito para interromper este processo, onde quer que você esteja nele?