quinta-feira, 21 de abril de 2011

A péssima qualidade das notícias

O pessoal sabe que eu pego no pé das notícias científicas veiculadas na internet; o pessoal também sabe que não é à toa que eu faço isso. Sempre bato na mesma tecla de que as notícias são sensacionalistas, que não explicam nada decentemente, que são infelizes, incompletas, e que não cooperam nada para o esclarecimento do leitor, nem quanto ao que é ciência, menos ainda quanto ao que está sendo veiculado na própria notícia. Em suma: é tudo uma grande porcaria.

Eis que me deparo com esse "primor" da divulgação científica. Não vou nem comentar a pobreza da tradução, mas vou mesmo é pegar no pé do título, do conteúdo e do encaminhamento infeliz. Leia aqui e diga se não tenho razão, minha meia dúzia de leitores.

Cientistas australianos demonstraram... veja a palavra com a qual o sujeito começa a notícia. E depois vem um caminhão de baboseiras que não quero reproduzir aqui. Mas, vejam o oportunismo. Nessa onda de salvacionismo ecológico - que vem a reboque de outra vertente muito bem $ucedida de salvacionismo, digamos, espiritual - qualquer coisa "ecopoliticamente" correta, ou que se refira à essa paranóia ecológica, vende mais. Não quero discutir agora a questão do aquecimento global antropogênico (não vejo dados indiscutíveis sobre isso ainda), mas quero, como sempre, insistir na baixíssima qualidade das notícias.

Por que os caras insistem em publicar as coisas dessa forma? Eles ganham por cliques no site? Por visitas? Acho que de ignorância isso não tem muita coisa. O jornalista raramente sabe do que está falando. Ele pega uma notícia em terceira mão e manda brasa. Compreendo também que a notícia tem que atingir os leitores, e informá-los. Mas, me diga, o que se está informando numa notícia de geologia que pode ser uma sugestão quanto a algo que interefere no clima numa escala de eras geológicas?!?! Alguém pode me dizer como meu peido pode contribuir pras monções na Ásia, e portanto, como isso pode fazer um tsunami no Chile?!?! Pára que eu quero descer... francamente... isso me faz nunca desistir de cornetar esses caras, tirar sarro, e mandar caminhões de mails pra redação reclamando desse lixo. É de graça o serviço, mas fazendo o estrago que faz, era melhor se não existisse o "serviço", que é, na verdade, um serviço-de-porco!

Nunca tinha feito isso, mas acho que começo agora: convido minha meia dúzia de leitores a cornetarem os sites que publicam essas porcarias. Não vai dar em nada a cornetagem, vão continuar escrevendo porcarias; mas um dia, depois de tanta amolação vão te ouvir. Já me ouviram uma vez - e me arrependo de não ter publicado aqui na época - mas foi depois de muito azucrinar. Como diria o Hino Nacional de Portugal, às armas!!!

6 comentários:

Anônimo disse...

Ok... entendo que o clima possa estar mudando e entendo, também, que as placas estejam se mexendo, mas definitivamente não consigo imaginar como se estabeleceu a relação:
(clima)x (placas) = terremotos !!!!
Tá certo, se surgir um Everest na sua porta, o clima vai mudar. Correntes de ar serão bloqueadas, isso altera a formação de chuva e blábláblá...
Convocando um exército, Montagna? De meia dúzia, mas um exército... :o)

Anônimo disse...

Uma pergunta... vc estuda os hinos de outros países nas horas vagas, Montagna? :P

GaArini disse...

Bom, creio que nada melhor do que alguns comentários expressos na própria reportagem para elucidar tal abordagem "chucra":
" Sou professor de Geografia e até o presente momento, considerando-se as evidências e os estudos científicos, o clima não interfere na dinâmica das placas tectônicas. Este dinamismo relaciona-se às elevadas temperatura e pressão no interior terrestre, sendo assim, é um sistema que se mantém a partir de suas condições internas e não externas. É claro que a evolução da ciência pode levar a novos conhecimentos ou refutar o que até então se tinha como certo, contudo, esta reportagem está muito vaga, não colaborando para um amadurecimento científico.Abraços e aguardo por reportagens mais proveitosas para a construção de conhecimento"

Anônimo disse...

Curioso... quanto mais eu avanço em conhecimento mais eu retomo conhecimentos do passado. Na maior parte das vezes, minhas aulas de geografia, história e ciências da escola, resolvem meus problemas cotidianos.

Natália disse...

Confesso que ao ler a reportagem, ri em algumas partes. A notícia foi jogada. E só. Não acrescenta absolutamente nada. Além do fato de que eu, igualmente a F., não conseguir ver a relação entre o clima e as placas tectônicas (fato que a notícia deveria esclarecer e não o faz!!!).
Exército de meia dúzia de leitores. Já é alguma coisa, não, Montagna?! =]

V. disse...

Ok, alguem pode me dizer o que uma tendência de no máximo 200 anos influencia num planeta de no mínimo 4,5 bilhões de anos?
Me desculpa mas dizer q o "aquecimento global" influencia nos terremotos da Índia, é querer ligar o meu peidinho aos ciclones nos EUA.
Ciência sensacionalista e baixa, gera esse lixo publicável para os catastrofistas. Mentes e recursos desperdiçados para propósitos melhores, uma pena...
Bater em ponta de faca é burrice, não vale a pena apurrinhar esses caras, vale mais nós publicarmos notícias de qualidade e conscientizar as pessoas sobre a mídia de péssima qualidade e sobre a falta de pensamento crítico dos leitores. Afinal, não é isso q fazemos?