quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O calibre do buraco

Tenho colocado uns posts aqui falando sobre os problemas da educação, encrencas diversas sobre má formação de professores, má formação de alunos, problemas, problemas, problemas... mas agora eu trago algo mais: problemas.

Duas coisas curiosas: uma mostra que a formação está on demand, como diriam os americanos - ou, a toque de caixa; a outra mostra que a percepção geral de ciência está uma caca, e isso tem reflexos. Vejamos.

Neste link aqui dá pra ler uma matéria sobre a má formação em cursos tecnológicos. Esses cursos têm o objetivo (discutível) de mandar mão-de-obra especializada rapidamente pro mercado de trabalho. Pelo jeito não tem funcionado. Quer dizer, nem técnicos, nem bacharéis, nem tecnólogos e nem nada tem sido formado decentemente... portanto, quem constrói pontes, carros, prédios? Quem te atende no hospital, no banco, no restaurante? Além da corrupção (outro problemaço), tem então a incompetência em números, pra mostrar que estamos indo para baixo, e avante!!!

Neste outro link aqui dá pra ler outra encrenca: a falta de educação científica geral da população. No caso do artigo, falam de russos. E você dirá, "bem, eles que se atolem nos pântanos inférteis da ignorância pra lá!". Pois é... mas russos ignorantes são como chimpanzés com metralhadoras carregadas: eles podem pulverizar o mundo com uma dedada no botão certo!!! A guerra fria é coisa de filme velho pra nossa geração - mesmo eu tendo visto a queda do muro de Berlim pela TV. Mas não vivemos a parte cabeluda dessa época do mundo. O ponto sobre essa mesma questão é que esses números mostrados na matéria são parecidos com os dos EUA, e quiçá, de outros lugares desenvolvidos... que dirá por aqui.

Pergunta do Tio: vamos galopando para uma nova idade das trevas? Não consigo pensar de outra forma.

14 comentários:

Anônimo disse...

"Muito" animador... :o/

Anônimo disse...

Como pode... os russos construíram a Myr e agora estão em dúvida a respeito do Sol?!!!

Ah, aqui em São Paulo cursos tecnológicos e técnicos são bandeira de campanha política. E sabe qual a diferença entre estes cursos? Nenhuma, só que um é de 3 anos e o outro de 3 semestres, e um confere graduação Superior enquanto o outro é de Nível Médio. Resumindo: um curso técnico com diploma de nível superior.

Têm cursos e instituições muito boas. E é fato que pra quem precisa entrar no mercado de trabalho eles agilizam bastante. Mão-de-obra com conhecimento específico pronta pra atuar em áreas específicas.
But... quando o mercado não precisar mais, vai sobrar um monte de graduado com uma formação que não servirá pra nada.

Loraine disse...

Se na Rússia foi assim, imagine por aqui... pergunte no Viaduto do Chá sobre a radioatividade...
A dos humanos e dinossauros também foi boa... haha

montagna disse...

Vc está exagerando, Loraine. Pergunte na sua sala e pros coleguinhas no nível superior, e vc vai ver o estrago...

Natália disse...

Impressionante. E a Rússia é somente uma amostra do estrago. Uma pena ver que essa situação está presente em todos os lugares, e muitas vezes com perguntas muito mais simples. Acredito que estamos em retrocesso em relação a educação científica, bem como em relação a educação geral.

Loraine disse...

Um mundo cheio de cientistas seria tão chato hehe O Dr. Sheldon Cooper é legal só na tv!
Mas eu não tô escrevendo aqui só para te zuar Natália, magina! Só acho que educação científica é coisa para quem escolhe carreira de ciência na graduação.

Loraine

Natália disse...

Mas eu não disse que o mundo deve ser composto tão somente por cientistas, Loraine.
E também não acho que a educação científica deva se restringir à gradução; o aprofundamento sim. Saber sobre ciência, na minha opnião, faz parte da formação de conhecimento geral de uma pessoa. Por isso faz parte do planejamento de ensino nos níveis fundamentais da educação. Saber como é 'composto' o sistema solar, como são definidas as estações do ano e porque existem as marés são uma forma de educação científica.
E só reforçando o que eu disse anteriormente, a educação, no geral, está em retrocesso, não somente a científica.

montagna disse...

Estou mais pra N. que pra L. na questão da educação científica. De fato, não é pra saber qual reação química faz do prozac mistura racêmica, mas saber o suficiente pra não comprar cogumelo do sol; não é pra saber como montar uma bomba atômica, mas pra evitar as dietas malucas e curtas milagrosas que arrancam milhões de dinheiros de pessoas que não saõ apenas crédulas, mas ignorantes; ignorantes em ciência. O que há de incrível na história da berinjela e do colesterol em humanos? Aí é que está...

Loraine disse...

Putz, eu ando meio conformada... esses dados não me incomodaram tanto quanto a vocês. É claro que, no contexto da reportagem, ficou triste saber que os russos investem num programa espacial e a população do país nem sabe direito a própria posição nessa confusão toda. Mesmo assim, eu não sei até que ponto faria diferença na vida dessas pessoas saber que o Sol fica no meio... Por mais triste que seja viver numa mentira geocentrista =/

Anônimo disse...

Faz diferença aprender a pensar, a desenvolver a habilidade de interligar conteúdos, desenvolver olhar crítico... Acho que esse é o ponto mais importante que se pode aprender com o ensino científico. Com o modo de pensar científico. Imaginem só como não seria fantástico pra uma criança pensar sobre como se faz ciência, como surgiram as idéias dos grandes cientistas, estudiosos, pensadores...(?!)
Conversava por esses dias com um antigo professor do colégio a esse respeito. Os alunos não conseguem (e isso tem aumentado) definir coisas simples como "o que é geografia?", porque simplesmente não conseguem pensar no óbvio, na etimologia da palavra, e associar isso com o que já tenham visto!! É algo simples, mas exige um pouco mais do que juntar o significado das duas partes da palavra.

Loraine disse...

A aula de ciências lá no colégio servia para desenvolver esse "espírito científico"! Eu concordo que esse tipo de habilidade precisa ser desenvolvida.
Mas o fato de X% de russos não saber que a Terra gira em torno do Sol não representa um retrocesso na educação científica! Deixa os geocentristas pra lá... sinta pena deles... A essa hora eles nem estão pensando nisso! haha

montagna disse...

L., discordo de vc. Não é que os russos acreditam por que preferem acreditar nisso, mas é por falta de educação científica. Na verdade, as perguntas mais banais que são feitas nesse tipo de pesquisa, permitem uma inferência sobre o nível de letramento científico e, portanto, são um "termômetro" de como andam as coisa em termos da dita educação. E não, educação científica não fica entre aspas, e não, não se restringe especificamente às aulas de ciências do ginásio. Na verdade, tanto quanto línguas e matemática, o pensamento científico tb é importante para o desenvolvimento de um tipo de pensamento específico.

Anônimo disse...

Blz Montagna, entendi! =D
Loraine

GaArini disse...

Concordo com o Montagna nesse aspecto. O estudo de ciências de uma maneira geral, cria subsídios para o raciocínio crítico em todas as frentes de conhecimento, sendo que dessa forma nãoo ficamos a mercê daqueles que se aproveitam da ignorância alheia. Em todo caso, vejo essa situação como retrocesso tendo em vista que, como pode um país como a Rússia, até poucos anos atrás considerada potência mundial no quesito bélico e científico, mostrar tais dados? Infelizmente tal rota se mostra traçada, mas ainda acredito que devemos ter fé em revoluções!