segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma visão da ciência no Brasil

A rotina ainda não engrenou. Mas recebi uma entrevista interessante esses dias que vale a pena dar uma passada de olho. O sujeito fala sobre como anda a ciência atualmente no Brasil, e, evidentemente, qual a perspectiva da coisa.

Uma palavra sobre o entrevistado: ele é um cara hiper-ativo, que quebrou o pau com meio mundo no sudeste e se mandou pra Natal. Fez o esquema dele por lá, atropelou muita gente que ele deixou pra trás, e hoje controla com mão de ferro seu empreendimento. Louve-se o sucesso da iniciativa e da empreitada. Mas, dizem os mais próximos, e que conhecem a figura, que ele pega pesado demais na competição e não é lá muito camarada, por assim dizer. Apesar de posar como um sujeito legal e amável, diz-se que a coisa passa um tanto longe disso.

Seja como for, o cara frequenta a boataria de Prêmio Nobel, o que seria uma maravilha pra ciência brasileira, pois ele mostrou que dá pra fazer ciência de ponta dos grandes centros. Mas, alguns afirmam que seria uma desgraça, pois incentivaria um modelo de trabalho feroz e cujos objetivos são distorcidos. A julgar pela entrevista, não se chega nem a um e nem a outro ponto. Não importa. O que importa é que há um ponto de vista. E pontos de vista sempre são bem-vindos, pois permitem a discussão.

E entrevista está nesse link aqui.

Boa leitura.

25 comentários:

GaArini disse...

A proposta do manifesto, em si, é muito boa e extrema valia, pois, ao que tudo indica, impulsionaria o Brasil ao patamar de líder no que diz respeito ao desenvolvimento acadêmico e científico-tecnológico, porém as ciências humanas partilhariam da mesma importância? Pensando na parte prática da coisa, seria mesmo que o Governo Federal acate tais propostas, visando, de forma efetiva, a garantia de conhecimento para a população como um todo, correndo o risco de perder grande parte de suas regalias pelo cabresto imposto pela falta de conhecimento atual?

GaArini disse...
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GaArini disse...
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GaArini disse...
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GaArini disse...
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Anônimo disse...

O Manifesto dele me parece mais discurso de político em campanha ("'cientistas de todo Brasil' uni-vos") do que um projeto de algo aplicável E viável.
E, na boa, massificação* do que quer que seja, mesmo de ciência, não soa lá muito bem.

*MASSIFICAÇÃO:

"para Chomsky, a massificação da cultura se dá através de um artifício totalitário, servindo a interesses econômicos" In:http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_de_massa

" A massificação transforma os homens em seres passivos, acomodados, ajustados, incapazes de decidir, sem liberdade, e, portanto, heterônomos [hetero, pautado pelo outro]. Por isso, o homem não deve acomodar-se no mundo, e sim integrar-se no e com o mundo. 'A integração resulta da capacidade de ajustar-se à realidade acrescida da vontade de transformá-la a que se junta a de optar, cuja nota fundamental é a criticidade' (FREIRE, 1977, p. 42). [...] Freire (idem, p. 43) denunciou que as tarefas do tempo do homem moderno em vez de serem fruto de decisão consciente a partir da própria realidade, são decisões de uma elite que por meio da prescrição ["Toda prescrição é a imposição da opção de uma consciência a outra"], massifica, domestica, acomoda, rebaixando o homem à condição de objeto, fazendo-o heterônomo.
A escola promove a massificação enquanto pratica a mera repetição de idéias inertes, nega a participação, o debate e a análise dos problemas. Quando reduz a teoria a verbalismo transforma o processo educacional em ato mecânico. A educação que é verborosa, que prima apenas pela memorização mecânica, que não instiga o educando a superar suas posições ingênuas, está contribuindo para formar um ser humano com medo da própria liberdade, um ser humano incapaz de expulsar a consciência hospedeira, incapaz de superar a massificação, e, portanto, um ser humano que vive em condição heterônoma."
In: http://www.pucrs.br/edipucrs/online/autonomia/autonomia/3.2.html

montagna disse...

Vcs complicam demais a coisa...

É só uma entrevista do Nicolelis. Ponto.

Anônimo disse...

Adoro complicação... rsrsrs

GaArini disse...

@Montagna
Mas até ai, uma parte considerável das obras de Paulo Freire surgiram através pela palestras que ele fazia pelo Brasil a fora, e olha no que desembocaram...

Marco Arribas disse...

O manifesto do Dr. Nicolelis se resume em uma sentença: estado, estado e mais estado. Isto era de se esperar de uma pessoa que tem como gurus John Maynard Keynes e Paulo Freire. O primeiro idiota acreditava que o estado gera riqueza; o segundo imbecil, que a escola não serve apenas para aprender o teorema de Pitágoras, mas para ensinar o que Karl Marx, a besta-mor, já falava no século XIX: só existem dois tipos de pessoas, o opressor e o oprimido. Sugiro que o Dr. Nicolelis pare com seu engajamento político e continue a fazer o que ele sabe melhor, que é estudar o cérebro de seus macaquinhos.

farm... Acéptica disse...

HAHAHAHAHA!!!

montagna disse...

Ê, Marcão... não só aqui no Brasil quem dirige os caminhos da ciência, como sua querida América tb o faz. Aliás, não vejo muita diferença entre o que acontecia na URSS - onde os caras diziam "Queremos mais foguetes, portanto, pesquisem mais física nuclear, portanto, as escolas formem mais físicos!" - e o que acontece nos EUA - "Não, nos interessa mais pensar em foguetes, agora só vamos dar grana pra neurociência", e lá se vão físicos virar gerentes de banco. O Estado não interefere, o mercado decide - vide o AIG e os etcéteras (como se vc não tivesse visto de camarote) e tudo vira polenguinho. Pelo jeito, o Estado é bom na hora de segurar as merdas. Tô longe de ser um cara de esquerda (longe disso), mas que, de uma forma ou de outra, o Estado decide direta ou indiretamente, ah decide, meu véio... achando bonito ou feio, também decide.

Marco Arribas disse...

Montagna,

Você tem toda a razão em dizer que o estado decide muita coisa. Mas quem sou eu para falar mal do estado, um pobre coitado do terceiro mundo, que obteve um doutorado 100% financiado pelo governo americano (leia-se cidadãos americanos)? De fato, nesta era Obâmica, nunca o estado interferiu tanto na vida dos cidadãos. Basta lembrar que nenhum presidente americano gastou tanto, principalmente em títulos futuros em "bail outs" de empresas privadas, que um dia deverão ser pagos pelos contribuintes, quanto Barack.

Enfim, meu ponto contra o manifesto do petista dr. Nicolelis é que ele jamais menciona a diminuição do governo (menos impostos, facilidades para abrir uma empresa, menos burocracia na contratação de funcionários etc). Seu texto é só apologia ao poder mágico do estado; "bolsa ciência cidadã", "bolsa ciência" etc. Só faltava incluir a "bolsa botijão de gás" para fazer funcionar um bico de Bunsen. Ciência patrocinada pelo governo até que vale a pena. Porém a finalidade última da ciência é transformar algo interessante em outra coisa útil para o resto da humanidade...E não há nada mais eficiente do que a iniciativa privada, através da concorrência e com menos amarras estatais (estado = monopólio) para promover avanço tecnológico e o bem-estar de um país.

P.S.: Sou apenas um brasileiro que mora por enquanto na "América". Isto não me faz de nenhum modo me sentir que isto é "minha" América...

Anônimo disse...

Marco,
Como é morar nos EUA?

V. disse...

Entramos em impasses teóricos:
1° Como padronizar a educação básica sem massificsr, e abrindo espaço para questionamentos sobre o conteudo?
2° Como incentivar a ciencia sem subsidios governamentais, puramente pelas leis de concorrencia?
3° Por que uma area tem que ter maior destaque que outra? Precisamos de bons fisicos no mundo independente se tem ou não que fazer foguetes.
Pensei que aqui servisse para questionamentos cientificos e não politicos.
@Arribas: Ser reacionário é facil, dificil são propor soluções viaveis.

farmacéptica disse...

@V.

1. Porque padronizar a educação levaria à massificação?

2. Os subsídios governamentais não estão inseridos na concorrência?

3. Não tem de ter mais importância, idealmente falando. Mas a grana só vai aonde o lucro é garantido e muito bem recompensado, não?

Marco Arribas disse...

Sr. ou Sra. V.

Esclarecendo: o subtítulo deste site é "Ciência, Ensaios e Divagações". Entre outros significados, a palavra divagação quer dizer desvio do assunto principal. Não quero dizer que vou divagar sobre os quadros de Francisco Goya, mas que, atualmente, fazer ciência é praticamente o mesmo que propor políticas...

Fiquei até surpreso que a palavra 'reacionário' não tenha surgido depois do primeiro artigo que publiquei neste site. Para começar, se você acha que o socialismo é muito bonito, sugiro que leia um livro chamado "The Road to Serfdom", de Friedrich von Hayek. Para ficar mais fácil, a obra já foi traduzida para o português...

Ademais, não propus nada. Apenas afirmei que é impossível que estado seja o monopolista do conhecimento humano.

Marco Arribas disse...

Farmacéptica,

Desculpe-me, mas não sei como descrever em poucas linhas. Morar nos EUA é morar no planeta Terra. E acrescento que a minha posição geográfica não dá o direito aos outros em supor minha opinião. A visão brasileira dos EUA se resume a vida de três grandes cidades: New York, Miami (relativamente perto da Disney) e Los Angeles ... Só tenho a dizer que há algo mais aqui do que esta visão reduzida de turistas e correspondentes internacionais da grande mídia brasileira...

montagna disse...

hehehe... Marcão devidamente cutucado...

Anônimo disse...

Marco,
Sua experiência aí podia valer um post aqui no Destilaria, justamente pra colocar uma visão que não seja a de turistas e correspondentes internacionais. :o)

@V. Propor soluções viáveis é fácil o difícil é ter peito de colocá-las em prática!

V. disse...

@F. A questão é quem mais do que nós, q vivenciamos tudo isso, tem peito para reclamar e ir atrás? Por que estagnamos se somos a parte pensante da sociedade?
@Sr.Aribas: Jamais em momento algum disse gostar de socialismo, e não estou aqui para discutir minhas ideologias quaisquer q sejam. Mas penso q conhecimento sendo algo livre de cada um, (como eu posso ir numa biblioteca publica e ser autodidata com livros de lá)poderia ignorar essa bobagem de estado monopolista acadêmico. Sinceramente penso que quando ciência for de fato política poderemos enfim ter de todos os instrumentos possíveis para um crescimento científico se bem usada.
Mas sinceramente não vou ficar discutindo picuinhas partidárias, por que ninguém aqui está para ficar apontando o dedo e gritando demônio! para cada petista q vê.
(e olha q nem msm voto na minha mãe se ela for filiada ao PT)

Marco Arribas disse...

Farmacéptica,

Está anotado. Sua sugestão para falar sobre a minha visão pessoal sobre "como é fazer (ou morar) pesquisa nos EUA" neste site me anima. Desculpe-me, mas ainda tenho que pensar como redigir algo que valha a pena... Tentarei fazer algo útil em breve.

Anônimo disse...

Vou esperar pelas histórias, Marco.


V.,
1. Ninguém. Não é politicamente interessante. E uma sociedade bem Educada não é economicamente tão lucrativa quanto a ignorante.
2. Não consigo ver sentido em estagnar e pensar na mesma sentença. Pensar já é, necessariamente, movimento, mesmo que no plano das idéias, não?

V. disse...

De fato, conduzir uma boiada é mais fácil q conduzir seres pensantes. Mas seria interessante se pelo menos pudéssemos passar algo das idéias para o plano da realidade. As vezes penso que discutir a estrutura vigente sem ação alguma é como um cachorro que corre atrás do rabo, sem nunca pega-lo... E decair como uma prova da nossa derrota.

farmacéptica disse...

Adoraria ter alguma boa idéia que pudesse ser posta em prática...